Património cultural em risco

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Ter, 23/03/2010 - 09:20


A casa do Abade de Baçal pode vir a ser demolida. O proprietário alega falta de condições para a reconstruir. Apesar de ter avançado com um projecto de construção de hotel rural com 22 quartos, o proprietário não consegue financiamento para as obras.  

Por isso, propôs à câmara de Bragança uma venda pelo mesmo valor de compra: 100 mil euros.

Mas autarquia não aceitou.

“Atendendo à crise e às dificuldades de acesso ao crédito, o proprietário sentiu-se impossibilitado de construir a obra” explica Guedes de Almeida, o advogado do proprietário, acrescentando que “por escrito ofereceu à câmara a venda casa pelo preço de custo, não tendo qualquer interesse especulativo”. “Mas se a câmara não se decide, só lhe resta atirar com a casa abaixo” avança.

 

O advogado acrescenta que depois desta proposta, a autarquia intimou o dono da casa a reparar uma parede que ameaça ruir.

Mas alega que não tem condições para o fazer e por isso já informou a câmara que vai deitá-la abaixo.

“Neste momento o proprietário encontra-se confrontado com uma carta da câmara para preservar paredes que estão a ameaçar ruína, mas como nestas circunstâncias não lhe interessa manter aquilo” explica Guedes de Almeida. Por isso adianta que “vai requerer a demolição da obra porque não está para aguentar despesas só para sustentar paredes”.

 

O presidente da câmara de Bragança adianta que não vai autorizar a demolição e diz que entende “esta atitude como uma chantagem sob a câmara”. “O proprietário apresentou um projecto para uma unidade de turismo rural que o município acolheu e acompanhou em termos técnicos” salienta Jorge Nunes, “admito que a vida não lhe tenha corrido de acordo com as suas expectativas” lamenta, pois “gostaríamos que esse projecto tivesse sido concretizado”.

Mas para o autarca “nenhum proprietário pode proceder desta forma, é uma atitude ilegal” alerta, acrescentando que “a câmara não pode suportar eventuais negócios desajustados promovidos por privados”.

 

O líder do PCP de Bragança, que tem alertado para o estado de degradação em que a casa se encontra, lamenta que a autarquia não assume o imóvel como de interesse municipal. “A câmara ignora deliberadamente o facto de a casa ter aprovação de interesse municipal” afirma José Brinquete, considerando que “este comportamento é inaceitável e só se explica por gente que tem uma completa insensibilidade cultural”.

 

Com demolição ou não, o PCP teme que a casa se degrade ainda mais e venha a ruir por si só.

Escrito por Brigantia