Pastores temem novas regras informáticas para pedir subsídios

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Seg, 03/05/2010 - 10:44


A necessidade de legalização dos estábulos e a existência de livro de deslocações de ovinos e caprinos foram os principais alertas que a APATA (Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais) deixou aos pastores transmontanos, este fim-de-semana, em Mogadouro.

Dois aspectos que serão fundamentais nas candidaturas a ajudas comunitárias.

Armando Pacheco, director da APATA, sublinha que as principais dificuldades serão o preenchimento do livro de registos e o recenseamento dos animais. Por isso, o responsável apela a que procurem ajuda junto das entidades competentes.

 “A maior parte dos nossos pastores são pessoas de idade e informaticamente estão muito débeis, o que vai obrigar a procurar alguém que os ajude. Esta acção é para os informar. Caso contrário vão ter de deixar a sua exploração.”

Mário Pereira, da Federação de Agricultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (FATA), acredita que a nova legislação obriga a que haja pastores de computador.

 Uma realidade distante na região transmontana, que pode levar à perda de subsídios.

 “Ainda não é para já, que os pastores ainda não estão habilitados a trabalhar com o computador e preencher os cadernos. O problema é que os pastores vão perder as ajudas, se não forem ajudados. Ao perder as ajudas, vamos perder os animais e caminhar cada vez mais para a desertificação.”

 Como solução, nada de concreto.

Outra das questões que não passou em branco neste Dia da Lavoura, da APATA, foi o brinco electrónico. Mário Pereira, da FATA, explica as razões porque concorda com o dispositivo.

 

“Por uma razão muito simples. É que o brinco electrónico vai acabar com as doenças. A brucelose, por exemplo, estava praticamente extinta mas os pastores teimam em ficar com a melhor ovelha que está doente. O pastor não vai ter a possibilidade de tirar o chip e tem de dar a ovelha”, explicou, dizendo não acreditar nos 20 euros que algumas associações já pagaram “porque há animais que não valem os 20 euros”.

 Os pastores não acham que o valor seja assim tão insignificante e ameaçam deixar a actividade.

 “Não percebi nada do que disseram”, confessou um pastor. “Já tenho 75 anos e o Governo quer é acabar com isto. Então com esta idade é que vou fazer uma exploração nova? Quero é acabar com isto”, sublinha. Outro pastor revela que “não é lucrativo se o chip for tão caro”, mas concorda “com as vacinas”.

 

A legalização dos estábulos, a criação do livro de deslocações de ovinos e caprinos e o brinco electrónico a motivarem descontentamento junto dos pastores, que compareceram no Dia da Lavoura, em Mogadouro.

Escrito por CIR