Pastores queixam-se da ASAE

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Qua, 23/09/2009 - 10:11


Os pastores transmontanos sentem-se desapoiados e queixam-se de que há vários anos que vendem o produto ao mesmo preço. Noutros tempos valia-lhes o queijo que faziam e iam vendendo nas feiras. Mas o medo da ASAE, não lhes permite hoje juntar um “pé-de-meia”. Foram algumas das queixas que se ouviram no encontro de pastores, que decorreu no Santo Ambrósio, em Macedo de Cavaleiros.

As cabeças de gado são cada vez em menor número porque os apoios contam-se pelos dedos das mãos.

A profissão é dura e, por isso pouco apelativa às gerações vindouras.

Toninho pastor, como é conhecido pelos colegas, é de Vila Flor e exerce a actividade há 24 anos.

Afirma que já houve tempos melhores na pastorícia.

 “O tempo antes era melhor. Agora há mais monte, menos comida e não chove tanto. E há 17 anos que o produto anda pelo mesmo preço. O queijo não o podemos vender. Se o fizermos às escondidas somos acusados. Antigamente fazíamos um queijito, vendia-se na feira e vivia-se melhor. Agora é complicadíssimo.” 

 Segundo o pastor, a médio prazo, a pastorícia está condenada à extinção e explica até a razão porque os jovens não querem hoje levantar cedo e passar todo o dia no monte a ver pastar ovelhas.

 “Tenho um filho de 18 anos que não quer esta profissão. Os novos querem emprego, não querem trabalho.” Por isso, acredita que a profissão “vai morrer”.

 Há ainda quem considere a pastorícia uma diversão.

António Cordeiro, de Mogadouro, reformado da Guarda-fiscal, há nove anos que tem “as suas meninas”, como lhe chama, por puro gosto e para contrariar uma tendência a que estão votados os reformados da região.

 

 

 “Isto é para me divertir. Nas aldeias havia o problema de ir de casa para o café e do café para casa. Para me libertar disso fui pastor. E já deixei de fumar.”

 É Manuel, de Alfândega da Fé, que explica como é a rotina do levantar cedo.

 “É preciso levantar às 4h30 para andar com o gado até lá para as nove. Já o meu pai era pastor e eu agarrei-me a isto. Já tentei ensinar ao meu filho Daniel mas ele não quer.”

 É caso para dizer que ainda há pastores no nordeste transmontano e foi isso mesmo que quiseram provar com um encontro que realizaram no Santo Ambrósio, em Macedo de Cavaleiros.

Escrito por CIR