Seg, 07/02/2011 - 11:16
Um documentário já premiado em diversos festivais mas que chegou a Bragança e Macedo de Cavaleiros apenas um ano e meio depois da primeira apresentação pública.
“Já devíamos ter vindo há mais tempo mas é o trazer o filho à casa da sua mãe. O ponto de partida foi Bragança por causa da noite do roubo dos comboios da estação em 1992, com a promessa de que voltariam. Foi a partir daí que resolvemos fazer esse documentário. Ao longo dos últimos anos o povo transmontano tem sido enganado pelo Poder Central.”
Apesar de a exibição ter decorrido num sábado à tarde, o auditório Paulo Quintela, em Bragança, reuniu quase uma centena de pessoas que não quiseram perder a estreia do documentário Páre, Escute e Olhe em Bragança.
Valdemar Pais, o último ferroviário de Bragança foi um dos mais atentos. Mesmo depois de sofrer um acidente que lhe levou um braço, continuou ligado aos comboios como guarda do museu ferroviário, até 2005. Agora lembra com saudade os tempos em que ainda havia linha de caminho de ferro.
“Mexeu muito comigo e saltaram-me as lágrimas aos olhos. Deixou-me muita tristeza e muita mágoa”, diz.
O despovoamento das terras do interior foi precisamente o mote que permitiu a Jorge Pelicano avançar com este projecto.
E o realizador admite que já conseguiu causar algum impacto.
“Mesmo algumas pessoas que apoiavam a barragem já ficaram um bocado renitentes. Só queríamos que as pessoas reflectissem e tivessem consciência que não estão a perder apenas uma linha do comboio mas sim a perder a sua identidade.”
Jorge Pelicano promete ainda continuar a bater-se contra o despovoamento do Interior do país.
Escrito por Brigantia