Os professores do distrito de Bragança são os que atravessam a situação mais grave do país

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Qui, 30/07/2009 - 16:50


O alerta é do Sindicato de Professores do Norte que fez as contas e chegou à conclusão que são 455 os professores do quadro de zona pedagógica (QZP) sem qualquer horário atribuído, que correm agora o risco de ter de sair do distrito.  

“O problema é mais grave no distrito de Bragança. Nos outros QZPs os colegas ainda tiveram alguns sítios para fugir. Por exemplo, em Vila Real deslocaram-se mais para o litoral, para Amarante, para a zona do Tâmega, para a Guarda (utilizando a A24 para se deslocarem). Mas nós aqui ao lado temos a Espanha e para já ainda não é fácil ir para lá dar aulas”, sublinha José Domingues, dirigente do SPN.

Este alerta surge depois de um primeiro concurso de colocação de professores.

Mas os 455 docentes que, segundo o sindicato, têm a sua presença no distrito de Bragança em risco, representam um número bastante inferior aos cerca de 700 que chegaram a ser apontados em Março.

José Domingues diz que isso deve-se ao facto de muitos professores já terem feito as malas para outros locais. E a saída de mais alguns representaria um drama para a economia local.

“Numa fase inicial seriam 700 mas alguns deles optaram por sair do distrito de Bragança já com receio de ter de sair numa fase posterior. Este número (455) é mais do que um quinto da totalidade dos professores colocados no último ano lectivo”, sublinhando que há casos em que “estão por colocar docentes com mais de 25 anos de carreira”. E por já trabalharem há vários anos, a grande maioria ganha “cerca de 1500 euros”. Por isso, considera que a sua saída seria “dramática para a economia do concelho de Bragança”, local onde mora a “grande maioria”.

O grupo mais afectado é o dos professores do primeiro ciclo, a antiga primária, com 199 professores do quadro sem colocação.

Por isso, o SPN reuniu-se outra vez esta quinta-feira com o Governador Civil de Bragança pedindo medidas de excepção para o distrito, um dos que mais sofre com a desertificação.

“Se não for criada uma medida de excepção, muitos professores vão ter de sair do distrito já a partir de 1 de Janeiro”, diz. Por isso sugerem que sejam distribuídos “por todos os agrupamentos do distrito”. “O importante é pensar quanto custaria ao Governo fixar 455 famílias no distrito e perceber se custa mais manter cá estes professores ou trazer para aqui igual número de famílias para repovoar no nosso interior.”

José Domingues entende que este é um problema político e que, por isso, está refém da vontade do Governo.

Isto apesar de já ter havido conversações com algumas autarquias, que se mostraram sensíveis e disponíveis para procurar soluções.

Mas do lado do Governador Civil de Bragança não há comentários sobre esta matéria.

Escrito por Brigantia