Obstetras conhecem hoje sentença

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Sex, 15/01/2010 - 10:00


Está marcada para esta tarde a leitura da sentença de um caso que levou à barra do tribunal duas médicas obstetras do hospital de Bragança. Um caso que já tem oito anos.  

Em Outubro de 2001, Júlia Luís não podia estar mais feliz.

Ao fim de nove anos, tinha finalmente conseguido engravidar.

Uma felicidade que acabou no dia 30 desse mês de Outubro, quando após uma ecografia no Hospital de Bragança, lhe foi diagnosticada uma falsa gravidez e marcada uma aspiração ao útero.

 

Dois dias depois, enquanto tratava da higiene pessoal, Júlia Luís descobriu o braço de um feto com cerca de 14 semanas.

Acabou por ser atendida no hospital de Vila Real, onde lhe fizeram três raspagens ao útero.

 

Inconformada com o tratamento recebido quer pela médica responsável pela ecografia, quer pela obstetra que acompanhava o seu caso e procedeu à primeira aspiração, decidiu avançar para tribunal.

“Eu espero que isto fique resolvido e que eu possa arrumar o assunto em lugar nenhum e que para além da justiça divina também há uma justiça dos homens e que ela se faz” refere.

 

Apesar dos anos que passaram, a dor mantém-se.

Júlia Luís garante que não é o dinheiro de uma eventual indemnização que a move.

Quer fazer deste caso um exemplo porque “se eu tivesse conhecimento de um caso semelhante eu acreditaria na minha barriga e não na ecografia que por qualquer motivo foi mal feita, teria recorrido a outra médico, a outro parecer e hoje talvez tivesse esse filho de oito anos” afirma. Por isso, “estou nisto para alertar as outras pessoas para que acredite nelas”.

 

Este não foi um processo fácil para Júlia Luís, até porque ainda foi burlada pelo primeiro advogado que contactou.

Pagou mil euros para entrar com a acção num tribunal do Porto mas, dois anos depois, descobriu que nenhuma acção tinha dado entrada.

“Fui à Polícia Judiciária e interpus um processo ao advogado por burla, mas durante o decorrer desse processo, o advogado morreu e acabou por ser arquivado porque tinha prescrito, mas depois foi reaberto e o juiz entendeu que tinha bases para andar” explica.

 

A leitura da sentença está marcada para as 16 horas, no tribunal de Bragança.

As duas médicas são acusadas de violação das leges artis, as práticas médicas, e ofensa à integridade física qualificada. Em causa poderá estar uma moldura penal de dois anos de prisão e uma multa.

Fonte próxima da defesa remeteu eventuais declarações para esta tarde, após a leitura do acórdão.

Escrito por Brigantia