Seg, 22/06/2009 - 09:27
“Na sequência do trabalho já feito no primeiro e no segundo curso, vamos falar com a câmara de Bragança no sentido que a Universidade de Lisboa possa constituir uma espécie de observatório que olhe para as políticas públicas dirigidas para o interior, faça uma análise disso e depois consiga estudá-las, propor… o observatório tem esse objectivo mas pode ter outros como apoiar estudos no sentido de o conceito de interioridade tenha um peso na legislação. Financiamento? Nunca me preocupei com isso. Este observatório depende mais da boa vontade do que do dinheiro, que lá há-de aparecer.”A revelação foi feita pelo director da Faculdade de Direito de Lisboa, Eduardo Vera-Cruz e Jorge Nunes, presidente da câmara de Bragança, até já pensou num local para a sede deste observatório.“Pensamos que a sede da fundação Rei Afonso Henriques seja um bom espaço para isso. Vejo-o de forma positiva, especialmente se falarmos num observatório para o desenvolvimento e para a interioridade. O interior é um território de oportunidade”, disse. Ao longo de dois dias, no auditório principal do teatro de Bragança, cerca de 150 alunos puderam discutir causas e soluções para a interioridade transmontana. Menezes Cordeiro foi um dos oradores convidados e explicou como a crise financeira afectou a agricultura trasmontana, avançando com algumas soluções.“A crise chegou mais tarde ao interior. Por um lado é uma vantagem, porque houve mais tempo para as pessoas se prepararem mas por outro é uma desvantagem porque podia levar as pessoas a pensar que já não chegava.” A crise provocou ainda “o esmagamento do preço dos produtos. O agricultor tem o armazém cheio de batatas e tem mesmo de vender, seja por que preço for”. Por isso, defende que “tem de haver uma intervenção do Estado, ou com preços mínimos ou subsidiando a produção”.Em discussão esteve ainda a necessidade da regionalização avançar para dar maior autonomia às zonas do interior em relação à capital, e a importância do ensino superior na economia das zonas mais afastadas do litoral. Luísa Cerdeira, da universidade de Lisboa, apresentou mesmo um estudo que prova a discriminação a que o ensino superior no interior, universitário ou politécnico, tem sido votado pelo Governo Central. Entre 1980 e 2004, as escolas do interior receberam apenas 16 por cento do investimento no ensino superior. Mesmo assim, O Instituto Politécnico de Bragança foi um dos que mais cresceu entre 1990 e 2007, passando de 1422 alunos para quase 7700. Ou seja, mais de 400 por cento.
A fusão entre universidades e politécnicos foi ainda uma das possibilidades apontadas para o futuro.
Escrito por Brigantia