Mulher alegadamente agredida por inspector da ASAE diz que vive aterrorizada

PUB.

Qua, 16/11/2011 - 10:55


A funcionária da empresa sub-contratada pela EDP que se queixa de ter sido agredida por um inspector da ASAE, em Carvalhais, Mirandela, após ter feito a contagem da electricidade, tem receio de represálias e admite abandonar o emprego.

Graça Teixeira faz este serviço há dez anos e nunca lhe tinha acontecido um episódio de violência, mas agora chega à conclusão que exerce uma profissão de risco.

 

O caso aconteceu no passado sábado, dia 12 de Novembro. Graça Teixeira tinha acabado de efectuar a contagem da electricidade em Valbom dos Figos e em Contins, e perto do meio-dia parou a sua viatura no Lugar do Prado, em Carvalhais. Subiu a um poste de electricidade na via pública, mas, estranhamente, detectou que a contagem não entrava no sistema, ou seja aquelas habitações, alegadamente, estarão a utilizar indevidamente electricidade da via pública

“Ele tem um contador de luz que não entra no nosso sistema. Luz ele tem, vai buscar a um poste que pertence à padaria. É luz clandestina. Não tem facturas, nem tem nada. A diferença é que nós todos pagamos e aqueles três não pagam.”

Depois de descer do poste, a mulher de 47 anos, deparou-se com um homem que reside no local junto ao seu automóvel a quem acusa de a ter agredido e destruído o aparelho de contagem, o chamado TPL – Terminal Portátil de Leitura.

“Arrancou-me o aparelho das mãos, pisou tudo. Deu-me um estalo que me deixou o queixo dormente até hoje. Empurrou-me para o meu carro, queria que eu entrasse pela janela. Fugi”, recorda.

Desesperada, Graça parou num dos cafés de Vila Nova das Patas para perguntar se havia perto alguma esquadra da PSP, foi-lhe indicado que só em Mirandela. Ao chegar à esquadra foi-lhe transmitido que podia fazer a queixa, mas alertando que o local onde ocorreram os factos pertence à área de jurisdição da GNR. Graça decidiu ir à GNR, mas quando chegou ficou a saber que o homem que a teria agredido já tinha telefonado a alegar que tinha sido vítima de uma burla por parte de uma mulher.

A mulher contou a sua versão dos acontecimentos e regressou a casa do alegado agressor na companhia de soldados da GNR. Só aí descobriu que se tratava de um funcionário da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) da delegação transmontana sediada em Mirandela, o que a deixou ainda mais escandalizada. Graça Teixeira diz que o homem negou a agressão e até utilizou de alguma agressividade verbal nas respostas às autoridades.

“Perguntaram-lhe pelo meu material e ele disse para o procurar por aí. Não compreendo como é que uma pessoa tão mal-formada trabalha para o Estado.”

Depois deste caso, Graça Teixeira vive aterrorizada com receio de vir a sofrer represálias e admite suspender ou mesmo abandonar a actividade profissional que já exerce há dez anos, sendo que nos últimos dois anos foi destacada para a zona de Mirandela.

“Tenho medo, não consigo dormir. Qualquer carro que passa fico a olhar, a pensar que é ele. Estou aterrorizada”, garante.

Graça Teixeira, casada e com quatro filhos vive dias difíceis, após ter sido, alegadamente, agredida em pleno exercício das suas funções. Diz mesmo que vai pedir protecção policial para cumprir o seu trabalho em segurança.

Depois da queixa apresentada na GNR, Graça Teixeira vai agora comparecer, ainda esta semana, no gabinete do Instituto de Medicina Legal de Mirandela, procedimento habitual quando existem casos de agressão física.

Até ao momento foi impossível obter qualquer declaração do inspector da ASAE acusado de agressão à funcionária da empresa de contagem de electricidade.

Escrito por CIR