Movimento cívico diz que linha do Tua está numa espiral de corrupção

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Sex, 14/01/2011 - 11:05


  O que tem sido feito à linha ferroviária e ao vale do Tua, nos últimos 20 anos, já é um caso de polícia. A ideia é defendida pelo Movimento Cívico da Linha do Tua que diz ainda estar desiludido com os autarcas da região porque ao aceitarem a construção da barragem do Tua estão, em seu entender, a impedir o desenvolvimento do interior.

Para Daniel Conde não há dúvidas: o vale do Tua tem sido abandonado porque serve alguns interesses e fala mesmo em corrupção.

Este membro do movimento cívico da linha do Tua considera que se trata mesmo de um caso de polícia

“Porque é que o Ministério Público ou a Polícia Judiciária deitam a mão a isto? Isto está fora de controlo, numa espiral de corrupção e interesses. Há dois anos, quando esteve cá o consultor da UNESCO, disse que a linha tinha tudo para ser considerada património da Humanidade. O IGESPAR no primeiro semestre diz que a linha tem uma valor patrimonial de excepção mas no final do ano diz que já não tem valor nenhum”, explica.

Daniel Conde continua a defender que a construção da barragem só vai prejudicar a região e diz estar desiludido com os autarcas dos concelhos cobertos pela linha do Tua, porque ao defenderem a infra-estrutura hidroeléctrica, estão a comprometer o desenvolvimento do interior.

Só o autarca de Mirandela é poupado nas críticas

“O presidente da câmara tem sido um dos principais defensores da linha e não queremos vê-lo a atirar a toalha ao chão. Agora os outros quatro? Murça, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alijó foram a total desilusão. Estão é a matar o desenvolvimento da região”, sublinha.

Confrontado com a possibilidade da construção da barragem de Foz-Tua ser um dado adquirido, Daniel Conde não defende nenhuma das alternativas que têm sido apresentadas pela EDP para o troço que vai ficar submerso e explica porquê.

“Uma pessoa chega ao Tua e é possível que tenha já dois transbordos de comboio. Na estação do Tua é preciso outro até ao paredão, depois passa para um funicular, o que dá mais um. Chega lá em cima tem de atravessar o paredão e descer ao cais até ao barco, faça chuva ou sol, outro transbordo. Apanha o barco, mais um, chega à Brunheda, tem de apanhar outro comboio. Um visitante chega aqui com seis ou sete transbordos.”

Daniel Conde admite algum desânimo com todo este processo, mas garante que o movimento da linha do Tua não vai desistir de lutar contra a construção da barragem.

“Isto não é o fim da luta mas começa a pesar o cansaço num país com este.”

O movimento também não percebe os critérios que levaram ao encerramento da linha do Tua entre o Cachão e Brunheda, desde o acidente registado em Agosto de 2008.

Daniel Conde garante que, em 2010 circularam na linha do Tua cerca de 70 mil pessoas.

As críticas do movimento cívico da linha do Tua ao processo que pode ditar a construção da barragem e o fim do troço ferroviário.

Recorde-se que foi dado um passo importante nesse sentido, em Novembro último, depois do Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, a suspensão parcial dos Planos Directores Municipais dos concelhos abrangidos pela futura barragem do Tua, para impedir alterações de uso do território, bem como a emissão de licenças ou autorizações que possam comprometer a concretização do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua.

Escrito por CIR