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Mogadouro: do poderio dos Templários à terra d'Os Meus Amores

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Qua, 28/09/2022 - 10:15


Mogadouro é um território que durante vários séculos foi dominada pela Ordem dos Templários e pela família Távora e onde as tradições ancestrais e uma cultura muito própria foram sendo mantidas até aos dias de hoje.

O concelho preserva tradições muito antigas e uma das mais significativas são os rituais de Inverno, cuja origem se pensa que remonte ao início dos tempos, pela ligação aos ciclos da natureza e de produção.

Antero Neto, investigador destas festas, que já escreveu sobre as seis ainda activas no concelho, acredita que “fazer com que estes rituais não desapareçam e promovê-los pode ser uma forma de promoção do território e de atrair visitantes, sejam estudantes investigadores ou turistas”, afirmou.

As festas dos rapazes no concelho acontecem entre 25 de Dezembro e 6 de Janeiro.

Outra das tradições que também não se perderam foram a dança dos pauliteiros e as gaitas-de-foles, já que no concelho de Mogadouro sempre houve muitos gaiteiros. Além do ensino nas oficinas de música municipais, a construção do instrumento é uma aposta que deverá avançar em breve na Casa da Gaita e Gaiteiro, inaugurada em 2019, explica Victor Valdemar Lopes. “Normalmente, ninguém ensina segredos, neste caso, graças à disponibilidade do arquitecto Jorge Lira, vamos fazer e ensinar como se fabrica uma gaita-de-foles”, afirma.

Este é um território com vestígios de ocupação humana que remontam há pelo menos 20 mil anos, como comprovam as descobertas do período do paleolítico e calcolítico, as mamoas, monumentos funerários que datam de 7 a 6 mil anos antes de Cristo, ou os povoados da Idade do Ferro ou castros.

Este ano, Mogadouro comemora os 750 anos do primeiro foral, atribuído por D. Afonso III, ainda que antes já D. Sancho I, em 1187, tivesse passado carta de Foral a Penas Róias.

Ambas as localidades estiveram sob a alçada da Ordem dos Templários, uma forma que o rei encontrou para esta ordem internacional “com o propósito de dinamizar as zonas de fronteira a nível económico e também de certa forma a salvaguardar a zona de algumas incursões muçulmanas que pudessem existir. Entregar os territórios a uma ordem religiosa militar também tinha o pressuposto de criar uma dinâmica económica e manter a paz, já que do outro lado da fronteira também havia templário e não podiam guerrear com os irmãos. E são os Templários que constroem o castelo de Mogadouro e de Penas Róias”, refere Emanuel Campos, arqueólogo Municipal.

Depois da influência dos templários, no início do século XV, estabelece-se no actual concelho a família Távora, onde chegou a constituir o seu morgadio.

A agricultura e a pecuária são ainda hoje as principais actividades económicas do concelho. As culturas em maior número e em crescimento são a oliveira, a vinha e o amendoal. No campo da pecuária, o concelho já foi o quarto maior fornecedor de leite para a Agros, enviando 40 mil litros por dia, mas nos últimos anos houve uma quebra de produção, destaca António Marcos, presidente da Cooperativa Agrícola Sabodouro.

“Com a crise no sector a maior parte das vacarias de produção de leite fecharam, mas os associados não ficaram parados, já que muitos converteram a exploração, apostaram em vacas de carne, ou em pequenos ruminantes. Lá se foram desenrascando, só uma parte pouco significativa dos produtores deixou a pecuária”, afirmou.

O sector agrícola no concelho, não foge à crise e o responsável da cooperativa considera que são necessários apoios, em especial para fixar os jovens.

No concelho há agora cerca de 4 mil bovinos e mais de 23 mil ovinos e caprinos, estando também a crescer o número de explorações de suínos, em especial de raça bísara. Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro