Mirandês é segunda língua oficial de Portugal há 10 anos

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Qui, 29/01/2009 - 09:47


Há 10 anos atrás o mirandês foi consagrado como segunda língua oficial portuguesa, mas os estudiosos dizem que há ainda muito por fazer.  Tornar o ensino obrigatório e criar uma Fundação da Língua Mirandesa são algumas medidas que defendem.

Faz hoje 10 anos que foi publicada em Diário da República a lei que consagrou o mirandês como segunda língua oficial portuguesa.

Para muitos foi um marco importante na história de Miranda do Douro.

Até agora existem cerca de 15 mil falantes no planalto mirandês e outros tantos espalhados pelo país.

Foi publicada a convenção ortográfica, o dicionário de mirandês e alargou-se o ensino a todos os estudantes do concelho.

Passados dez anos, Amadeu Ferreira, escritor e presidente da associação da língua mirandesa, garante que houve um renascimento da língua.

 

Mas assegura que ainda muito está por fazer. “Mais do que deitar foguetes pelo que se fez há que olhar para aquilo que se pode ainda fazer e levar mais longe aquilo que se começou”, defende.

“Aprofundar as questões relativas ao ensino, conceder mais horas ao mirandês e, se possível torná-lo obrigatório e dar dignidade aos professores que o ensinam” é uma das medidas que Amadeu Ferreira reclama. “Do ponto de vista institucional o Estado pode dar mais um sinal porque o mirandês precisa de uma instituição que fale por si”, acrescenta. “É precisão também olhar para a fala e a forma como ela tem vindo a perder terreno, por isso considero que as instituições têm que falar mirandês e nesse aspecto temos tudo a fazer”, considera o estudioso.

 

Amadeu Ferreira defende também uma intervenção mais activa por parte do Governo na divulgação da segunda língua oficial. “Não acho que o Estado tenho que fazer o que compete aos mirandeses, mas há coisas que não podemos ser nós a fazer”, explica. Para Amadeu Ferreira criar uma instituição que seja apoiada pelo estado é essencial. “O estado gosta muito de encher a boca com multiculturalismo e multilinguismo, mas na prática esquece-se e é uma pena”, atira ainda.

 

A criação da Fundação da Língua Mirandesa é um outro projecto que ainda está por realizar. António Carção vereador da cultura da câmara de Miranda do Douro afirma que “o Ministério da Cultura num determinado momento mostrou uma abertura muito grande, ultimamente continuamos à espera de respostas”.

 

 Actualmente cerca de 400 estudantes do concelho aprendem mirandês na escola e apesar de esta ser uma disciplina opcional os mirandeses tem “proa” de falar a” lhéngua”. Carlos Ferreira, um dos estudiosos do mirandês, garante que “hoje os mirandeses têm proa na sua língua, uma língua de Portugal, oficial, que as instituições podem utilizar em momentos oficiais e permite produzir documentos oficiais e que permite outro modo de falar português”.

 

Dez anos depois da lei do mirandês ser aprovada no parlamento ainda há muito para fazer para a promoção e divulgação da língua.

Para assinalar a data a autarquia vai fazer o lançamento do terceiro número da revista “Tierra de Miranda” do Centro de Estudos António Maria Mourinho.

Escrito por CIR