Mentiras são forma de libertação social

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Qua, 01/04/2009 - 08:51


Moedas coladas no chão, sal no açucareiro ou esparguete que cresce nas árvores. De tudo isto se pode encontrar hoje, dia 1 de Abril, o que em Portugal quer dizer Dia das Mentiras.  

Uma tradição que tem várias origens, dos romanos à corte do rei francês Carlos IX que, no século XVI mudou a passagem de ano de 1 de Abril para 1 de Janeiro.

Houve quem não gostasse e continuasse a celebrar o novo ano em Abril, o que provocou brincadeiras.

 

Por cá, ainda se vão pregando algumas partidas.

“Costumo pregar uma mentirazinha à minha mulher” refere Armando Santos. “Mas não são coisas para dar prejuízo mandando uma pessoa a uma casa qualquer e chegava lá ninguém sabia o que ía fazer” exemplifica José Maria Trindade.

“Lembro-me de miúda que não podíamos mentir e nesse dia aproveitava” refere, por sua vez, Fernanda Silva. “No ano passado, ates de sair de casa adiantei uma hora o relógio da minha mãe”, conta Fernanda Varandas.

“Quando eu era jovem havia sempre uma moeda colada ao chão ou uma nota preso por um fio, mas agora os tempos são outros” recorda Ezequiel Palas.

 

Ao longo dos tempos foram várias as mentiras que ficaram famosas.

Da plantação de esparguete que se dava bem com as alterações climáticas a hambúrgueres especialmente pensados para canhotos.

Em Bragança já houve acidentes de avião no S. Bartolomeu à custa de pneus queimados.

 

Brincadeiras inofensivas que, segundo o professor de sociologia da educação, Henrique Ferreira, serviam de vingança das classes sociais mais pobres em relação aos mais ricos.

“É uma festa em que sociologicamente todos podem brincar” refere “e acaba por ser um dia de libertação das classes mais pobres” explica.

 

Hoje, aconselha-se cuidado redobrado para não ser enganado neste dia das mentiras.

Escrito por Brigantia