Sex, 30/08/2024 - 09:13
Estima-se que mais de dois mil hectares de terreno arderam no Planalto Mirandês, a grande maioria no concelho de Miranda do Douro.
Rui Ladeira, secretário de Estado das Florestas, reuniu com os autarcas e visitou a área ardida na aldeia de São Martinho de Angueira. Foi apresentado um plano com estratégias para recuperar a mancha negra e evitar a contaminação das linhas de água.
São 300 mil euros para Miranda e Vimioso e 200 mil para Bragança, com financiamento de fundos comunitários. “Vamos abrir o aviso específico a 100% para os municípios em causa, para garantir que vai ser operacionalizado no terreno. Para a rede viária, recuperação dos pontos de água, fazer estabilização destas áreas mais sensíveis, estamos apontar para mais de 70 hectares de área concreta de intervenção e depois a sinalização das zonas de caça”, apontou.
O governante adiantou que os trabalhos avançarão dentro de meses.
No que toca à floresta, será feito um aproveitamento da sua regeneração. No entanto, o incêndio destruiu também culturas agrícolas, como 90 hectares de castanheiros em São Martinho de Angueira.
Quanto ao apoio dos agricultores, já reclamado pelo município de Miranda, o secretário de Estado explica que ainda será definida a ajuda, que será no âmbito do PEPAC. “Com as medidas do PEPAC haverá oportunidade dos produtores florestais e dos proprietários poderem candidatar, no quadro individual, mas o que pretendemos é que seja no quadro colectivo, agrupamento, para ter um maior impacto de estratégia, intervenção, protecção contra incêndios, mas também produtivo”, referiu.
A indefinição do apoio aos agricultores afectados é o que preocupa o presidente da junta de freguesia de São Martinho de Angueira, Lisis Gonçalves. “Estamos a solicitar que na parte agrícola haja investimento directo à perda de produção. Quem vive disto, jovens agricultores instalados nos últimos anos, que vivem 100% da fileira da castanha estão aflitos e precisam de medidas directas da parte da agricultura, que ainda não estão definidas como o próprio secretário de Estado referiu, e essa medida tem de sair o quanto antes”, vincou.
Nesta zona, o incêndio destruiu mais de 500 colmeias. O técnico da Associação de Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional, Vítor Ferreira, defendeu um apoio para os apicultores, que seja simplificado, tendo em conta o prejuízo. “Para além das perdas, as abelhas deixaram de ter alimento. A flora espontânea desapareceu e essas colmeias têm de ser alimentadas, por isso, pedimos ajuda de imediato para alimentação das colmeias. Temos a noção que os apicultores são pessoas de muita idade, é muito difícil de recorrer a apoios burocráticas e nós queríamos uma coisa mais célere. São precisos mais de 10 anos para que haja uma regeneração, vai ser muito difícil as pessoas conseguirem continuar a praticar a actividade nestes 2 mil hectares”, disse.
O secretário de Estado pôde assistir aos trabalhos dos sapadores florestais nas áreas ardidas, nomeadamente na criação de barreiras para impedir que as cinzas contaminem os cursos de água.
Pelo menos meio milhão de euros será usado para reparar 70 Km de rede viária, recuperação dos pontos de água, estabilização de áreas sensíveis e sinalização das zonas de caça. O incêndio no concelho de Bragança consumiu 500 hectares de terreno, nos concelhos de Vimioso e Miranda do Douro mais de 2 mil.
Escrito por Brigantia