Médica de Mirandela repreendida por falta de zelo com doente

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Sex, 13/02/2009 - 10:31


Uma utente queixa-se de alegada negligência por parte da médica de família. A médica em causa, do centro de saúde de Mirandela, foi repreendida pela Inspecção-geral das Actividades de Saúde.

A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde decidiu instaurar uma repreensão por escrito a uma médica do centro de saúde de Mirandela, após uma queixa apresentada por uma utente alegando que não actuou com zelo e diligência na observação de um processo clínico que resultou em anemia. O caso já aconteceu em 2005, mas a queixosa só recebeu a deliberação, em Novembro passado e quis agora denunciar publicamente o caso.

  

Em Janeiro de 2005, Maria de Lurdes Segundo, moradora na aldeia de Frechas, concelho de Mirandela, começou a notar que na sua urina se via algum sangue. Alarmada, e como era fim-de-semana, deslocou-se ao serviço de urgências do hospital de Mirandela. Foi-lhe diagnosticada uma anemia que deveria ser comunicada e vigiada pela médica de família. Repetidos os exames, a médica de família atribuiu a causa da doença a medicação que a sua utente andaria a tomar. Mas, Maria de Lurdes continuou com os mesmos sintomas e novamente se deslocou às urgências, e médica de família que decidiu pedir novas análises. Aqui começa a revolta desta utente. Maria de Lurdes alega que a sua médica de família se negou por três vezes em lhe ler o resultado destas últimas analises.

 

“Na primeira vez fui lá e a médica estava à entrada da porta do centro a falar com delegados de propaganda médica e disse-me que não tinha tempo”, conta a utente. “Como o meu marido andava a fazer curativo a um dedo e ia lá no dia seguinte pedi que mas visse nessa altura, mas ela disse que não trabalhava”, continuou Maria de Lurdes Segundo a insistir. “Pedi para ver novamente noutro dia e voltou a dizer-me que não tinha tempo”, explica a queixosa.

 

Com esta espera toda, em Março de 2005, em conversa telefónica, Lurdes Segundo pediu novamente que a sua médica a consultasse. Consulta que seria então marcada para 4 de Abril, ou seja 4 meses depois de ter começado a urinar sangue. Com o estado de saúde a degradar-se de dia para dia, foi ao serviço de SASU do centro de saúde de Mirandela antes da consulta marcada. “Nessa altura vi a enfermeira da Drª Lurdes que me pediu que lhe mostrasse as análises e ela ficou espantada”, acrescenta Maria de Lurdes Segundo.

“A enfermeira deve ter dito à médica que eu estava ali e veio pedir-me as análises para mostrar à doutora, que nem sequer me viu”, sublinha. De acordo com a queixosa a enfermeira voltou do gabinete da médica e disse-lhe que tinha uma anemia e uma infecção urinária. “Receitou-me uma data de remédios, mas não passava porque a anemia já estava muito baixa”, relata.

 

Mas, mesmo com nova medicação, esta utente teve que dar entrada novamente nas urgências de Mirandela, sendo encaminhada para internamento no dia seguinte que, devido à gravidade do seu quadro clínico, lhe foi feita imediatamente uma transfusão de sangue.

 

“Eu reclamei por ela saber que eu andava já desde Janeiro a fazer análises e depois de me ter mandado fazer umas análises mais eficazes recusou-se 3 vezes a ver-me”, reitera.

Segundo a queixosa há “muita gente que tem queixa dela, só que não dão a cara e vão aguentando”, adianta.

O filho de Maria de Lurdes deslocou-se ao centro de saúde, onde deu queixa no livro amarelo, pelo comportamento da médica de família, atribuindo-lhe alegada negligência nos cuidados prestados para com a sua mãe.

 

Contactada a médica em causa, Maria de Lurdes Cadavez, diz nada ter a dizer, dado que esse processo correu na inspecção-geral de saúde.

 Escrito por CIR