Mau tempo deixou agricultores com pouco ou nada

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Ter, 12/09/2023 - 09:20


O granizo e a chuva deixaram os agricultores do concelho de Mirandela com pouco ou nada

O olival foi a cultura mais afectada pelo mau tempo do início de Setembro. Segundo a Associação dos Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), as quebras rondarão os 40%. Susana Madureira

Laurina Martins não queria acreditar no que estava a ver. Não se lembra de granizo tão grande como aquele que caiu há uma semana. A agricultora diz ter ficado com tudo destruído e a tristeza é bem perceptível na voz.

“Vou fazer 64 anos, nunca na minha vida vi tanta pedra. Foi a horta, foram tomates, foi couve, foram as uvas, foram meloas, foram melancias, tenho tudo destruído. Azeite não tenho, ficou tudo destruído. Fui ver e chorei, chorei, a azeitona estava toda no chão. De um dia para o outro fiquei sem nada, é triste, é lamentável”, afirmou.  

Para Manuel Alves a situação não foi tão grave, mas o granizo só deixou que um terço da azeitona ficasse nas oliveiras.

“Em média produzo 15 a 16 toneladas, o ano passado, por incrível que pareça, nem um quilo de azeitona consegui ter. Este ano, perspectivava-se melhor, nada de extraordinário, porque há olivais que não tinham nada e naqueles em que havia alguma azeitona com este temporal praticamente 50% está no chão. Por muito optimista que eu seja, devo colher cinco toneladas, não mais que isso”, referiu.

A Associação dos Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro adiantou que grande parte dos olivais das aldeias de Vale de Madeiro, Freixedinha e Carvalhais foram afectados. Os prejuízos rondarão os 40%.

“Mas pode ocorrer que a próxima campanha do próximo ano seja prejudicada por estas trovoadas, porque se vêem muitos ramos de oliveira no chão e pode haver situações em que o granizo deteriorou os ramos que ficaram e pode dar origem ao aparecimento de doenças. Para além de ser um ano médio, com esta chuva será, se calhar, um ano pior que o ano passado”, acrescentou.

O presidente da Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, Francisco Pavão, disse que, no caso da vinha, houve casos com perdas totais da uva. Nos casos em que isso não se registou foi necessário apressar a vindima.

“Alguns produtores já tinham vindimado o branco, estavam a iniciar a vindima da uva tinta e o granizo veio provocar graves danos na vinha e motivou, por forma a minimizar os problemas, que se procedesse de imediato à vindima. Os prejuízos foram bastante elevados. Do ponto de vista de logística de adega, de preparação de pessoal, obrigou a um esforço muito grande, para que houvesse pessoal disponível, o que na região é uma grande dificuldade e, portanto, vamos ter mais custos”, referiu.

Francisco Pavão defende que mais do que ajudas era necessário que criar um sistema de seguros agrícolas atractivo.

Este ano previa-se que o ano vinícola fosse bom, com um aumento de produção entre os 15 a 20%. Agora, estima-se que haja um aumento mas que seja bastante menor.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves/Ângela Pais