Manoel de Oliveira apresentou um dos seus filmes em Bragança

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Sex, 03/09/2010 - 10:24


Manoel de Oliveira lamentou ontem, em Bragança, a descaracterização do país, que lhe causou dificuldades para filmar em Trás-os-Montes.  

O realizador centenário falava durante a apresentação do documentário “Acto de Primavera”, que ontem foi exibido no ciclo de cinema que decorre até amanhã no Museu Abade de Baçal, em Bragança.

 

Manoel de Oliveira falava das mudanças a que assistiu desde que realizou aquele filme, na região de Chaves, há quase 50 anos.

 O realizador mais velho do Mundo está convencido que o progresso não trouxe só mais conforto.

“Uma coisa que costuma mudar é uma espécie de descaracterização das vilas e das cidades, com prédios iguais em todos os lados, e deixam perder aquele aspecto mais profundamente característico, ao contrário de outros países. Aqui, a tendência é fazer avenidas e prédios novos nos sítios velhos.”

 

Uma descaracterização da paisagem que obrigou mesmo à adaptação de um dos seus guiões, Angélica, de há 60 anos.

 

 “Era um filme de há 60 anos, sobre um judeu, na altura em que eles fugiam para Lisboa. É sobre um judeu português chamado Isaac. Mas tive de o adaptar, porque o Douro mudou muito, as quintas modificaram-se muitos, e era impossível fazer a reposição à época.”

 

“Acto de Primavera” é uma das 32 longas-metragens do realizador portuense, datado de 1963, e único filme realizado por Manoel de Oliveira em Trás-os-Montes.

 No entanto, o realizador de 102 anos não fecha a porta a um regresso à região. “Pode ser que calhe, depende das circunstâncias. Esta região é óptima mas é preciso conhecê-la bem.”

Mesmo assim, Manoel de Oliveira garantiu que já tem dois projectos em carteira, um deles em parceria com o Brasil.

 

O ciclo de cinema do Museu Abade de Baçal tem tido casa cheia.

Hoje são exibidos os filmes Margens, de Pedro Sena Nunes (18h00) e Veredas, de João César Monteiro (22h00).

Escrito por Brigantia