Lixo dá dinheiro e electricidade

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Qui, 30/07/2009 - 08:30


O aterro sanitário da Terra Quente está a produzir energia eléctrica a partir do tratamento do lixo proveniente dos 12 concelhos do distrito de Bragança, mais Vila Nova de Foz Côa.  

Desta forma permite diminuir a poluição ambiental e gerar receitas para a Resíduos do Nordeste, a empresa intermunicipal que gere o sistema.

A responsável por esta novidade é a central de valorização energética de biogás, a funcionar há dois meses, que foi inaugurada esta quarta-feira pelo secretário de Estado do Ambiente.

Humberto Rosa aproveitou para cortar a fita da estação de tratamento de águas lixiviantes que já funciona há mais de um ano.

Um investimento total de cerca de 2,5 milhões de euros.

 

Esta nova unidade está a produzir energia, a partir do lixo, equivalente ao consumo médio de 1500 habitações por ano, que será vendida à rede eléctrica nacional, e, ao mesmo tempo, diminui a poluição ambiental. Paulo Praça, Director-Geral da Resíduos do Nordeste, estima que a nova unidade poderá facturar cerca de 250 mil euros por ano, resultante da venda de energia eléctrica.

 

“É necessário partir de uma célula de resíduos, selá-la, conduzir o gás a determinado ponto que depois é transformado em energia eléctrica, vendida para abastecimento das populações”, explicou, garantindo que esta instalação vai permitir “fazer poupanças nas emissões de CO2” e permite “alguma receita”, ainda que “residual”, na ordem dos “250 mil euros por ano”. 

 O investimento desta central foi superior a um milhão e cem mil euros. O Secretário de Estado do Ambiente também inaugurou a Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes que faz o tratamento dos lixiviados provenientes da deposição de resíduos sólidos urbanos pelo processo de evaporação. O equipamento teve um custo superior a um milhão e duzentos mil euros, comparticipado em 85 por cento pela Agência Portuguesa do Ambiente e sempre foi uma prioridade para a empresa RN, tendo em conta que os lixiviados eram distribuídos pelas estações de tratamento de águas residuais de Mirandela e Macedo de Cavaleiros através da utilização de um tanque de cerca de 6500 litros, transportado por um veículo da empresa. A novidade, é que, em termos energéticos, a ETAL utiliza caroço de azeitona (biomassa)“Era um problema que tínhamos de resolver, o dos lixiviados. Fizemos a instalação deste processo, inovador em Portugal, que tem esta mais-valia em termos energéticos” que é o facto de consumir “caroços de azeitona”, um produto em abundância na região. Trata-se de uma inovação importante, porque é um casamento perfeito entre o universo dos resíduos e as energias renováveis, assinala o Secretário de Estado do Ambiente“Estamos numa nova fase, desde logo explorar melhor o aterro. O biogás era um desperdício e tinha o efeito de estufa. Ao produzir electricidade converte um problema numa vantagem. E estamos numa nova fase de encarar o aterro como destino último daquilo que não conseguimos tratar”, disse.

Refira-se que o aterro sanitário da Terra Quente Transmontana, situado em Urjais, no limite dos concelhos de Mirandela e Vila Flor, tem uma produção de resíduos estimada entre 145 a 155 toneladas/dia, correspondente a cerca de 52 a 57 mil toneladas/ano.

 

Entretanto, a partir de 2011, metade dos resíduos produzidos no Nordeste Transmontano vão ser reaproveitados para produzir material orgânico e energia eléctrica, com a entrada em funcionamento de uma unidade de tratamento mecânico e biológico por digestão anaeróbia que vai custar 24 milhões de euros, comparticipado a 70 por cento, e que vai criar cerca de 30 postos de trabalho.

O projecto da Resíduos do Nordeste foi mesmo o primeiro do país a ser aprovado no âmbito do Programa Operacional Temático de Valorização do Território e deve entrar em fase de adjudicação no mês de Setembro.

Escrito por CIR