Linha do Tua vai ser reaberta após intervenções na via

PUB.

Seg, 27/10/2008 - 11:07


O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações decidiu manter a suspensão da circulação na linha do Tua e dá um prazo de trinta dias para que sejam estabelecidas “medidas correctivas” que melhorem as condições de segurança da via, do material circulante e da prestação do serviço de transporte.   Este foi o teor do comunicado avançado pelo Ministério liderado por Mário Lino, na passada sexta-feira à noite. Entretanto, no dia seguinte, o titular da pasta dos Transportes assegurou que a circulação será retomada logo após a realização desses trabalhos.

Depois de ter analisado os relatórios da Comissão Técnica de Inquérito (CTI) e do Gabinete de Investigação de Segurança e de Acidentes Ferroviários relativos ao acidente na linha do Tua, do dia 22 de Agosto, que resultou na morte de um dos passageiros e feriu outros 37, o Ministério, em comunicado, faz saber que aprovou na generalidade as recomendações destes organismos.  Entre estas recomendações, destaca-se a necessidade de identificar as alterações a fazer às carruagens ou às características da frota, a definição de regulamentação e normativos técnicos a aplicar nas infra-estruturas de via estreita, a elaboração de um plano de intervenção na linha e de um plano integrado de manutenção e monitorização da Linha do Tua, abrangendo as carruagens e a via.  

A coordenação deste plano foi entregue ao IMTT (Instituto da Mobilidade e Transportes Terrestres) que tem 15 dias para apresentar “um cronograma detalhado para a concepção e concretização” destas medidas. O Ministério determina ainda que a REFER e a CP têm um mês para realizarem “averiguações internas para apuramento das causas que conduziram às anomalias identificadas”.

 

O Ministro dos Transportes, Mário Lino, já assegurou que logo depois destas obras concluídas, a circulação na linha será retomada, até porque o governante considera a linha do Tua importante para as populações da região e também para o turismo. “A vontade do Governo é que a Linha continue porque tem um papel histórico e importante no turismo”, confirmou Mário Lino. O membro do governo adianta, no entanto, que a Linha só encerraria se “se chegássemos à conclusão que era de todo impossível, coisa que neste momento não acreditamos”, acrescenta.

O presidente da Metro de Mirandela considera que não era preciso tanto tempo para chegar a estas conclusões, mas José Silvano diz estar contente porque finalmente o Ministro assume que não vão encerrar a linha. Este era o principal objectivo.

No entender de Silvano, há causas objectivas detectadas para o acidente. “Uma tem que ver com o abatimento naquele local da Linha, outro pode ser a própria máquina, que levando 50 pessoas de pá pode ter agravado pode ter agravado as consequências do acidente”.

Pela primeira vez, José Silvano diz que vê “vontade política “ para que se façam as intervenções necessárias para a posterior reabertura da Linha do Tua. 

Recorde-se que a CTI teve muita dificuldade em elaborar um relatório suficientemente conclusivo, tendo em conta que os pareceres solicitados a diversas entidades foram muito ambíguos, apesar de se inclinarem para que o problema esteja numa ligeira inclinação da via, no local onde aconteceu o descarrilamento, alegadamente provocada por um abatimento da linha, é a causa mais provável para que tenha ocorrido o acidente. No entanto, a CTI não encontra explicações para esta situação ter acontecido. A CP assegura que automotora acidentada estava em perfeitas condições. Já a REFER aponta mais para que o material circulante não seja o mais adequado para circular na linha. Perante estas conclusões tão distintas entre os elementos da CTI – composta por elementos da CP, REFER e Metro – foi proposto a Mário Lino que sejam aprofundadas as causas. Sugestão aceite pelo Ministro dos Transportes.