Ter, 19/11/2024 - 12:07
Chama-se Catarina Dias, tem 26 anos, é engenheira civil, reside em Gralhós, no concelho de Montalegre, e pratica Kickboxing, há dez anos, no Ginásio Clube Mirandelense, obrigando a realizar, pelo menos, três viagens semanais – aproximadamente 600 quilómetros - mas quando se aproximam grandes competições os treinos são praticamente diários.
Há pouco mais de uma semana, na Grécia, sagrou-se vice-campeã da Europa na categoria de menos de 70 quilos, em K1, mas quer mais. Garante que não vai desistir enquanto não conquistar um título mundial ou europeu.
No Campeonato Europeu de Kickboxing da WAKO, Catarina fez um percurso imaculado até à final onde perdeu com uma atleta israelita, garantindo uma medalha de prata que Catarina Dias diz ter um sabor “agridoce”, porque queria mesmo concretizar “o meu sonho de ser campeã, este ano. Mesmo assim, fiz história em chegar ao pódio e trazer a prata para Portugal, mas queria muito trazer o ouro, porque é um sonho que trago há dez anos comigo de ser campeão da europa ou do Mundo, mas um dia mais tarde, tenha a certeza que o meu momento chegará”, acredita.
Ainda assim, a atleta do Ginásio Clube Mirandelense diz estar “orgulhosa” da sua prestação, até porque garantiu o apuramento para os World Games, uma espécie de Jogos Olímpicos para modalidades não olímpicas, que vão acontecer no Verão do próximo ano, na China. “O primeiro objectivo foi concluído e acabou por ser uma alavanca para chegar ao pódio, porque fiz três combates, antes da final, bastante duros e exigentes porque eram atletas com muita experiência e fiquei orgulhosa, porque escapou-me a vitória pelas mãos, mas fiquei contente com a minha prestação e sinto-me orgulhosa”, conta.
Catarina Dias conquistou a prata na Europa, mas quer ser a melhor do mundo. E garante que não vai desistir até o conseguir. “Comecei com essa ideologia de adolescente. Se em dez anos, até agora nunca desisti, certamente que não vou desistir agora. Desistir é para sempre e esse não é o meu lema”, afirma.
É uma década de “superação, dedicação e esforço”, adianta a atleta que sai de casa ao final da tarde e só regressa, muitas vezes, já de madrugada, num percurso de praticamente 200 quilómetros (Gralhós/Mirandela ida e volta), efetuado três vezes por semana. Tudo em prol de um sonho. “Já adoptei isso à minha rotina, porque quem sonha sempre alcança e eu vou alcançar e este espírito de sacrifício de fazer três horas de viagem é doloroso, mas é o meu sonho. Adoptei este estilo que me fez criar princípios, valores, a pessoa que sou hoje e tenho a firme certeza que vou realizar o meu sonho em breve”.
Mas, porque razão escolheu o Ginásio Clube Mirandelense. Catarina explica: “Porque foi o Ginásio que me acolheu e me fez crescer, mas não só. O mestre José Pina e a Sónia Pereira foram grandes lendas no kickboxing e porque não eles levarem-me onde já estiveram. São as pessoas ideais porque pisaram aqueles palcos, passaram pelo mesmo que estou a passar e são os ideais para nos encaminhar para o alto kickboxing que é o que eu pretendo””, refere.
Precisamente o seu treinador, José Pina, elogia o desempenho de Catarina no europeu. “Quando saíram as poules, vimos logo que era o caminho mais difícil para chegar a final, mas a Catarina disse que estava preparada para chegar lá e ganhar”, conta José Pina. Mas, “teve de ultrapassar grandes campeãs nos três combates e na final estava completamente desgastada, mas vamos trabalhar mais e melhor para a Catarina ser campeã nos World Games, na China, e depois no Dubai para ser campeã do mundo”, adianta o antigo campeão do mundo de Kickboxing.
José Pina sublinha o “enorme espírito de sacrifício” da atleta, nos últimos dez anos. “Não desiste. A Catarina é uma atleta brutal, tem de fazer um percurso de três horas de viagem de carro para vir de Montalegre a Mirandela, pelo que é preciso dar muito valor a esta atleta, para ser campeã. Tem um espírito guerreiro, treina muito para alcançar os seus objectivos e e nós estamos cá para a ajudar a concretizar esse sonho, porque desde que entrou aqui sempre teve a ambição de ser campeã e um dia vai concretizar esse sonho”, remata.
Um exemplo de persistência, dedicação e amor pelo desporto, Por agora já é uma das melhores da Europa, mas Catarina Dias não vai desistir enquanto não for a melhor do mundo.
Artigo escrito por Rádio Terra Quente (Informação CIR)