Jorge Gomes não quer mais obras que encham o peito do presidente da câmara

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Sex, 02/10/2009 - 18:04


Não é altura de construir mais museus quando a população do concelho de Bragança sofre de falta de água. A ideia foi defendida por Jorge Gomes, o candidato socialista à câmara de Bragança, à margem da apresentação do seu programa eleitoral à comunicação social. Jorge Gomes reage assim à ideia de um novo museu da Língua a instalar na cidade.

“Quando a câmara decide que vai construir mais um museu que custa três milhões de euros, eu pergunto-me que diálogo é que houve com os cidadãos? Mas o que é isto? Temos aldeias que não têm água, que não têm saneamento, que não têm ETAR, uma agricultura que precisa de algum regadio e damo-nos ao luxo de gastar mais três milhões de euros noutro museu? Não haveria outras prioridades? Temos necessidade de habitação social e a habitação social não se faz. Então e o apoio à juventude?”, questiona Jorge Gomes.

 

O candidato socialista vai mais longe e diz mesmo que não é possível continuar a investir em obras só porque aumentam o ego do presidente da câmara.

“Nunca me venham dizer: ah, mas este dinheiro vem da Europa. Mas é dinheiro, que terá sempre de ser pago por alguém. Não podemos continuar a investir neste tipo de obras que enchem o peito do presidente da câmara. Anda feliz e contente porque o centro de arte contemporânea foi premiado na América. Mas o prémio foi o quê, dinheiro? Ou reconhecimento? Com o reconhecimento sento-me à mesa e não me governo. Quando me sento à mesa tenho de ter comida e os bragançanos têm de ter apoio e não estas obras megalómanas que não sabemos que interesses defendem.”

 

Confrontado pelos jornalistas com a possibilidade de este investimento poder beneficiar as empresas da região, Jorge Gomes foi taxativo.

“Ainda não vi nenhum construtor fazer obras para a câmara. Só estou a ver agora, aceleradamente, fazer muita obra. Até estou admirado. Tenho o passeio rebentado à minha porta há três anos e agora compuseram-mo. Mas estas obras estão a ser feitas a que preço e com que intenção? Quatro anos de mandato e, de repente, no espaço de 15 dias, Bragança está toda revirada porque andamos a tapar buracos e buraquinhos. Mas a que preço? Que concursos foram abertos para estas obras?”, questiona.

 

Sobre o seu programa, sublinhou outra vez a necessidade de humanizar a autarquia, falou do projecto de retirar a Adega de Vale d’Álvaro para aumentar o espaço verde daquela zona e reafirmou a intenção de suspender a proposta do Plano Director Municipal.

 

“Há 12 anos, quando o candidato do PSD e que foi presidente de câmara, tinha a proposta de fazer o PDM quando fosse eleito. Passaram 12 anos e o PDM ainda não foi feito. Este é que é o grande problema do PDM. É preciso que haja empenho.”

 

Jorge Gomes admitiu ainda alguma dispersão de votos uma vez que são seis as candidaturas nestas eleições, mas garante estar confiante na vitória.

Escrito por Brigantia