Seg, 04/05/2009 - 10:40
“Há menos gente em Bragança. Há menos jovens a querer ficar aqui. Isso resulta de uma política concreta. Não foi por fatalismo do povo transmontano que se verifica essa desertificação. Existem aqui milhares de estudantes. Mas não querem ficar ou não podem ficar? Não podem porque esta terra, por razões da política nacional, leva-os a becos sem saída. Não encontrar emprego e forma de construir o seu futuro”, disse o secretário-Geral do PCP no seu discurso. Jerónimo de Sousa criticou ainda aquilo que chama de ofensiva contra os serviços públicos e contra a agricultura. “Como há menos pessoas justifica-se haver menos serviços. Menos serviços de saúde, menos serviços de educação, dos correios, das comunicações, da EDP, porque há menos gente. Mas esquecem que quanto menos serviços existirem, menos gente haverá. A questão está em saber se Bragança tem ou não futuro. Uma terra marcada pela excelência dos seus produtos. No plano agrícula, no plano florestal, na pecuária… tanta coisa boa que esta terra tem. Mas porque é que não progride? Por incapacidade da sua gente? Ou antes por falta de políticas de apoio a essa mesma agricultura”, pergunta Jerónimo de Sousa. No entanto, apesar de todos estes problemas, o secretário-Geral do PCP acredita que o distrito de Bragança ainda “tem futuro”. “Isto não é deserto. Tem produtos e potencialidades. Precisa é de outra política, que não veja isto em função de grandes interesses, que olhe para os agricultores com outros olhos e ajude os agricultores no escoamento dos seus produtos, altamente credenciados. Num quadro de 50 ou 60 marcas, trinta são aqui da região”, disse. Jerónimo de Sousa lamentou ainda as agressões ao candidato do PS às eleições Europeias, Vital Moreira, mas reafirmou que o Partido Comunista não tem nada que pedir desculpa, porque não teve nada a ver com a agressão. Mas, mesmo assim, e apesar de dizer que Bragança não é uma cidade perigosa, apresentou-se na feira das cantarinhas com um grupo de seguranças. “Não, Bragança não é perigosa. Trago sempre. Ainda ontem vim de Beja e não quer que faça centenas de quilómetros a conduzir. Sou uma pessoa com saúde e grande capacidade mas nem tanto”, explicou. Jerónimo de Sousa a acreditar no futuro do Nordeste Transmontano. Escrito por Brigantia