Idosa morre após dias de “sintomas ignorados” no Hospital de Bragança

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Qua, 24/09/2025 - 10:01


O filho da idosa, diz que nem um único TAC fizeram, atempadamente, à mãe, mas acredita que poderia ter ditado um desfecho completamente diferente.

Tudo começou no dia 11 de agosto. A mãe de Cristóvão Macedo deslocou-se ao hospital de Bragança já com vários sintomas. O diagnóstico foi virose e a doente voltou para casa sem exames complementares.

“A minha mãe, no início da semana, começa a sentir-se mal, com febres fortes e dores de cabeça. Sentia rigidez na nuca, na cabeça, dores um bocado em todo lado, sem nenhuma justificação. E dizem que é uma virose, uma virose qualquer, que pode ser Covid, gripes. Não se vai procurar de onde vem o vírus. É uma virose, vai-se para casa com medicação para a febre e manda-se para casa”, explicou.

No dia seguinte, com sintomas muito mais fortes, a idosa voltou ao hospital. Mais uma vez, segundo o filho, não houve exames.

“Vómitos, dor de estômago, confusão já, falta de energia, sonolência. Voltou às urgências, na companhia do meu pai mais uma vez. Passou a noite toda nas urgências, num cadeirão em observação. Mais uma vez comprimidos, mais medicação para os vómitos, para a dor de estômago e não se procura de onde vem o problema”, contou.

A idosa passou a noite no hospital. Foi para casa de manhã, mas à noite teve de voltar às urgências. Tinha dores de ouvidos, que acreditava pudessem ser provocadas por aparelhos auditivos que utilizava, o que, muitas vezes, lhe acontecia. Mas, aparentemente, eram mais sintomas do problema que tinha e que lhe provou a morte, um mês mais tarde. E, mais uma vez, não houve exames.

E a idosa foi para casa… mas sábado teve de regressar ao hospital. O estado em que lá chegou já era totalmente diferente.

“Ao fim da tarde, eu falo, através de uma videochamada, com a minha mãe. Estava a falar comigo e já não olhava para mim, olhava para a parede. E eu disse à minha irmã, que a minha mão não estava bem. A Minha mãe entrou em bloqueio total, não falou mais, passado meia hora começa a convulsar. Foi para as urgências, onde entrou já numa cadeira de rodas e foi imediatamente para os cuidados intensivos, onde foi  colocada em coma, e depois veio o diagnóstico. A minha mãe, no fundo, fez uma encefalite, que é uma infeção viral que ataca o cérebro. É muito fácil uma pessoa ir à procura e ver quais são os sintomas que levam ao diagnóstico de uma encefalite. Tinha-os todos, desde dores de cabeça, febres altíssimas, vómitos, desorientação, rigidez na nuca. Tinha-os todos e foram todos relatados aos médicos quando eu fui lá”, frisou.

A idosa foi internada dia 16 de agosto, em coma, nos cuidados intensivos. Morreu passado um mês. O filho, mais do que justiça, quer que este tipo de situações seja evitado.

“Um simples TAC iria mostrar que havia uma inflamação cerebral e depois aí haveria outros exames a fazer para ver de onde vinha essa inflamação. Não se deixava avançar, avançar, avançar, até o ponto que entrou em colapso total. A minha mãe nunca baixou de febre, com todos os sintomas, em que vai três vezes às urgências a pedir ajuda e vai para casa, com a sua idade. Há quem me diga que há uma pressão para não se fazer exames a tudo uma vez que têm um custo elevado e o Sistema Nacional de Saúde não está a suportar. Ouve-se de tudo. O que eu sei é que um TAC pode ter custos, mas a prevenção, fica mais barata que o tratamento. Eu acho que é inaceitável não se fazer a uma pessoa que tem os sintomas todos, só mesmo para despistar”, rematou.

A família já apresentou queixas formais à Entidade Reguladora da Saúde e à DECO Proteste, pedindo que casos como este não se repitam.

Pedimos esclarecimentos à Unidade Local de Saúde do Nordeste, mas, para já, ainda não obtivemos resposta.

Escrito por Rádio Brigantia.

Jornalista: 
Carina Alves