Homem queixa-se de ter sido escravizado quatro meses em Espanha

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Qua, 13/07/2011 - 11:01


Um homem de 48 anos, de S. João da Pesqueira, queixa-se de ter sido mantido preso, como escravo, em Espanha, ao longo dos últimos quatro meses. Manuel Aguiar diz que foi iludido com a promessa de trabalho bem pago e acabou sem nada.

Aos 48 anos, Manuel de Aguiar nunca pensou que pudesse estar reservado para uma experiência como a que garante que viveu nos últimos quatro meses.

Natural de S. João da Pesqueira, no distrito de Viseu, está desempregado depois de ter trabalhado vários anos num matadouro e em quintas do Douro. Diz que foi aliciado por um cigano de Torre de Moncorvo para trabalhar em Espanha, a troco de 65 euros por dia. 

Mas dinheiro, nem vê-lo.

“Houve um senhor, que me disse que pagava 65 euros comidos e bebidos, mas, ao fim e ao cabo, não ganhei nenhum. Estive lá desde Março até Julho e não recebi um tostão”, garante.

Depois de ter chegado ao norte de Espanha, depois de vários dias de viagem, conta que ficou preso por uma corrente debaixo de um reboque de um tractor.

“Amarraram-me lá com umas correntes, comia uma espécie de lentilhas e estava como um cão. Ameaçaram-me, que se fosse à polícia me matavam, mas eu não tenho medo de dar a cara”, diz.

Queixa-se de ter sido espancado, de lhe terem roubado e destruído os documentos.

Garante que esteve preso com mais três portugueses, dois deles também conseguiram fugir. No seu caso, aproveitou um momento de distracção dos alegados raptores.

“Conseguiu fugir porque andava lá num campo de batatas. Havia lá uns baldes pretos e pediram-me para ir buscar uns desses. Mas consegui escapar a nado por um rio e depois houve uma senhora que me ajudou.”

Depois de conseguir comprar um bilhete de autocarro para Zamora, chegou à fronteira de Portugal, em Quintanilha. Daí até Bragança veio a pé.

“De Quintanilha vim a pé até Bragança. Uma senhora deu-me dinheiro para o autocarro de La Guardia até Zamora e de Zamora a Quintanilha. E disse-me para não me meter mais com ciganos.”

Já tentou apresentar queixa na PSP, mas diz que não lhe fizeram caso.

Fonte do Comando de Bragança garante não ter conhecimento do caso.

Manuel de Aguiar apresentava ferimentos nos tornozelos e joelhos.

Graças à boa vontade de algumas pessoas, conseguiu regressar a S. João da Pesqueira.

Escrito por Brigantia