Ter, 26/02/2008 - 10:08
Humberto Seixas, morador nesta aldeia refere que, muitas vezes, existe dificuldade em circular nesta zona, chegando o trânsito a estar mesmo parado. “Já liguei para a GNR de Mirandela para vir controlar o trânsito à noite porque não se consegue passar por causa do fumo, os carros chegam mesmo a parar”.
“Há três anos que pus um telhado novo e é uma vergonha porque quase se varre lá o pó” queixa-se Luísa Paula. “Não é só o fumo, é o cheiro também” afirma Alberto Alves, pois segundo a população o “secador” que ali foi colocado é o principal causador do mau estar. “Isto não pode estar aqui, isto mata a população”.
Segundo outro morador da aldeia do Cachão, também o rio está a ser afectado com a laboração desta fábrica. “Tem lá 20 ou 30 centímetros de altura da sujidade de que sai daí” garante Hélder dos Santos acrescentando que já alertou várias vezes as autoridades.
A Soduol, que está implantada no complexo do Cachão há 16 anos, não esteve disponível para prestar declarações gravadas, mas garante que está disposta a minorar os prejuízos que possam estar a causar à população.
A este propósito, o PCP apresentou um requerimento na Assembleia da República onde dá a conhecer a situação e revelando que a população entregou, em Março do ano passado, um abaixo-assinado ao Governador Civil de Bragança e ao Ministério do Ambiente, para já sem resposta. Neste requerimento o deputado Agostinho Lopes questiona o Ministério do Ambiente sobre as diligências que vai tomar perante esta situação grave.
Já o presidente da câmara de Mirandela também diz conhecer o caso e condena a falta de resposta do Ministério do Ambiente. Como a fábrica em causa está no complexo do Cachão, propriedade da Agro Industrial do Nordeste pertencente às autarquias de Mirandela e Vila Flor, José Silvano admite que é um caso complicado, mas não acredita que coloque em causa a saúde pública. “Não havendo resposta do ministério não se pode actuar pois não sabemos se aquilo prejudica ou não as pessoas” afirma o autarca. “Mas não acredito que dali advenham grandes consequências para a saúde senão o delegado de saúde teria de dar um parecer”. No entanto José Silvamo admite que em termos ambientais “não é agradável estar com o fumo no ar”.
Entretanto, o delegado de saúde diz desconhecer o caso, até porque ainda não foi apresentada qualquer denúncia.