Habitantes do Cachão queixam-se de fábrica

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Ter, 26/02/2008 - 10:08


Os habitantes do Cachão, aldeia do concelho de Mirandela, estão revoltados com o fumo, cheiro e detritos que são libertados, há já vários anos, por uma fábrica de extracção de óleo de bagaço de azeitona. Queixam-se de sujidade nas casas, nas roupas e do ar irrespirável. Quem passa pela aldeia do Cachão entre os meses de Novembro a Março é surpreendido com uma espessa nuvem de fumo proveniente da Empresa Soduol, que extrai óleo de bagaço de azeitona, que posteriormente entra na cadeia alimentar.

Humberto Seixas, morador nesta aldeia refere que, muitas vezes, existe dificuldade em circular nesta zona, chegando o trânsito a estar mesmo parado. “Já liguei para a GNR de Mirandela para vir controlar o trânsito à noite porque não se consegue passar por causa do fumo, os carros chegam mesmo a parar”.

“Há três anos que pus um telhado novo e é uma vergonha porque quase se varre lá o pó” queixa-se Luísa Paula. “Não é só o fumo, é o cheiro também” afirma Alberto Alves, pois segundo a população o “secador” que ali foi colocado é o principal causador do mau estar. “Isto não pode estar aqui, isto mata a população”.

Segundo outro morador da aldeia do Cachão, também o rio está a ser afectado com a laboração desta fábrica. “Tem lá 20 ou 30 centímetros de altura da sujidade de que sai daí” garante Hélder dos Santos acrescentando que já alertou várias vezes as autoridades.

A Soduol, que está implantada no complexo do Cachão há 16 anos, não esteve disponível para prestar declarações gravadas, mas garante que está disposta a minorar os prejuízos que possam estar a causar à população.

A este propósito, o PCP apresentou um requerimento na Assembleia da República onde dá a conhecer a situação e revelando que a população entregou, em Março do ano passado, um abaixo-assinado ao Governador Civil de Bragança e ao Ministério do Ambiente, para já sem resposta. Neste requerimento o deputado Agostinho Lopes questiona o Ministério do Ambiente sobre as diligências que vai tomar perante esta situação grave.

Já o presidente da câmara de Mirandela também diz conhecer o caso e condena a falta de resposta do Ministério do Ambiente. Como a fábrica em causa está no complexo do Cachão, propriedade da Agro Industrial do Nordeste pertencente às autarquias de Mirandela e Vila Flor, José Silvano admite que é um caso complicado, mas não acredita que coloque em causa a saúde pública. “Não havendo resposta do ministério não se pode actuar pois não sabemos se aquilo prejudica ou não as pessoas” afirma o autarca. “Mas não acredito que dali advenham grandes consequências para a saúde senão o delegado de saúde teria de dar um parecer”. No entanto José Silvamo admite que em termos ambientais “não é agradável estar com o fumo no ar”.

 

Entretanto, o delegado de saúde diz desconhecer o caso, até porque ainda não foi apresentada qualquer denúncia.