Guerra aberta entre administradores do matadouro do Cachão

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Sex, 27/08/2010 - 13:20


São declarações, no mínimo, surpreendentes e que prometem abanar com a estrutura da AIN (Agro-Industrial do Nordeste), a empresa que gere o matadouro do Cachão. António Morgado, um dos administradores delegados da empresa, cujo capital social é repartido entre as câmaras de Mirandela e Vila Flor, responsabiliza o presidente da administração pela situação financeira a que chegou aquela unidade de abate e teme que, caso o seu superior hierárquico continue a não tomar decisões, o matadouro venha a fechar as portas até ao final do ano.

Os desabafos de António Morgado, um dos dois administradores delegados da AIN, acontecem uma semana depois dos 48 trabalhadores do matadouro do Cachão terem recusado abater os animais pelo atraso no pagamento dos salários referentes ao mês de Julho, situação que entretanto já foi regularizada.

António Morgado começa por dizer que ficou surpreendido com as declarações do presidente da administração da AIN alegando que está a negociar a venda da unidade de abate com um privado, quando nunca revelou tal informação aos dois administradores delegados e aos presidentes das câmaras de Mirandela e Vila Flor.

Perante isto, este administrador delegado é peremptório.

O seu superior hierárquico, António Mendonça, está a fazer bluff.

“Houve duas ou três empresas interessadas mas dá impressão que ainda nos estavam a fazer o favor e tínhamos de lhes dar dinheiro para tomarem conta disto. Depois o dr. António Mendonça disse que havia um angolano, mas isso é bluff. Eu já não acho nada estranho, porque num ano reunimos duas vezes.”

António Morgado acusa o presidente da administração de não tomar decisões quando lhe foram dadas instruções, na última assembleia-geral, em Junho, para accionar os mecanismos necessários para tentar receber junto dos clientes as verbas que estão em dívida que já ascendem a mais de um milhão e duzentos mil euros.

“Não toma decisão nenhuma, diz que vai fazer e não faz nada. Numa assembleia ficou decidido accionar os mecanismos de cobrança mas há grande parte das verbas que são incobráveis, porque há talhos que já fecharam. Um deles é o de Valpaços. E há talhos que já estavam em contencioso mas em vez de os eliminar, manteve-os. E há situações caricatas, como um talho que foi fornecido durante três anos e nunca pagou um tostão, porque ele dizia que era da sua confiança.”

António Morgado coloca o dedo na ferida e denuncia uma situação que também pode estar relacionada com o descontentamento dos trabalhadores do matadouro.

O administrado delegado da AIN afirma que o presidente da administração permite que um funcionário da empresa, entretanto aposentado, esteja a servir-se de meios da AIN para depois fazer concorrência.

António Morgado não tem dúvidas que esta situação causa enormes prejuízos.

“Começo a encher o saco. Falei com ele, disse-me que ia resolver o problema mas continua. É grave se ele permitir que um funcionário que já se reformou, ande a vender carne para Veiga. E nem devia ter nenhuma ligação com a empresa. Mas é um foco de conflito entre os trabalhadores, e acarreta despesas, porque são almoços, viagens, combustível, e anda a fazer-nos concorrência.”

Com esta inércia de António Mendonça, o administrador delegado da AIN perspectiva um futuro nada risonho para o matadouro do Cachão e a solução poderá passar pelo encerramento até ao final do ano.

“O que ficou acordado em Junho e os senhores presidentes de câmara foram claros, é que ou se arranja uma solução de venda a uma empresa ou esta situação só pode aguentar até Dezembro, se não encerrará mesmo.”

António Morgado definitivamente em rota de colisão com o presidente da Agro-Industrial do Nordeste.

No entanto, este administrador delegado da AIN ainda acredita na viabilidade do matadouro do Cachão, mas sem António Mendonça ao leme.

O presidente da administração preferiu não responder às acusações.

Escrito por CIR