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Governo quer alterar código de IMI para cobrar imposto das barragens mas Movimento da Terra de Miranda fala em "apagão fiscal"

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Qua, 03/07/2024 - 08:58


O ministro das Finanças anunciou, na semana passada, que vai ser feita uma alteração ao código do IMI para cobrança dos impostos das barragens

Foi criado um grupo de trabalho, em funções até ao final de 2025, para que em 2026 seja cobrado o imposto de acordo com essa alteração.

Mas o Movimento Cultural da Terra de Miranda considera que esta mudança só contribui para que o IMI dos anos anteriores não seja pago. “Na nossa maneira de entender, leva a um apagão fiscal de todo o IMI das barragens. Além de já ter caducado o IMI de 2019, com este anúncio do senhor ministro, arriscamo-nos a que o de 2020, 2021, 2023 e 2024 também estejam perdidos”, disse o membro do movimento Alberto Fernandes.

O movimento aponta o dedo ao ministro por ter dito que a lei não é clara, abrindo assim uma porta às concessionárias para não pagarem o Imposto Municipal sobre Imóveis. “Está a dar razão às concessionárias e até lhes está a fazer um favor. O ministro o que está a dizer é que a lei não é clara e naturalmente que as concessionárias vão alegar que não vão pagar algo que já foi dito que não é claro e até as avaliações que a direcção-geral da Autoridade Tributária emitiu foram também anuladas pela directora geral”, criticou.

Com a alteração do código, pressupõe-se que também seja mudado o contrato entre o Governo e as concessionárias das barragens. “Também abre a porta a que as concessionárias peçam uma indemnização por alteração contractual”, adiantou Alberto Fernandes.

Este é o segundo grupo de trabalho criado no seguimento do negócio das barragens. Um formado pelo anterior Governo, em 2020, logo depois da venda das barragens. Agora, o novo Governo criou outro. Para o movimento, não trazem qualquer benefício e só vêm atrasar o processo.

Há anos que é reclamada a cobrança dos impostos das barragens, vendidas pela EDP à Engie, em 2020. O anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais emitiu três despachos para que a Autoridade Tributária fizesse a cobrança, com retroactivos de quatro anos. Para isso foi feita uma avaliação das albufeiras, que foi também posta em causa pelo movimento, uma vez que não era incluída a maquinaria. Todo este processo demorou tempo suficiente para que o IMI de 2019 se tenha perdido. O imposto de selo, no valor de 110 milhões de euros, também caduca no final deste ano.

Agora, com a criação de um novo grupo de trabalho para a alteração do código de IMI para 2026, o movimento acredita que até lá não serão cobrados os impostos e que quando for feito, só contará a partir desse ano. 

Escrito por Brigantia

Foto: Movhera 

Jornalista: 
Ângela Pais