Governo admite falhas humanas no acidente da Linha do Tua

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Sex, 14/11/2008 - 19:21


A secretária de Estado dos Transportes admitiu hoje a existência de falhas humanas na detecção ou na correcção dos erros da linha ferroviária do Tua, onde aconteceu o acidente de 22 de Agosto, causando um morto e dezenas de feridos, tendo sido ordenadas averiguações internas na CP e na Refer, avança a Lusa.

 Ana Paula Vitorino disse ainda que a ligação ferroviária entre o Cachão e Tua vai manter-se encerrada até Março de 2009. Falando perante a comissão parlamentar de Obras Públicas depois de um pedido nesse sentido feito por vários partidos da oposição (PCP, PEV, BE), Ana Paula Vitorino revelou que estão a decorrer averiguações internas na CP e na Refer para apurar responsabilidades que "podem dar em processos disciplinares" para os técnicos responsáveis por essas falhas.

 

 A Secretária de Estado dos Transportes esteve no Parlamento, em substituição do ministro da tutela, que está ausente do país, e foi questionada sobre o problema da Linha do Tua, uma via onde ocorreram quatro acidentes no espaço de ano e meio. As causas do acidente de Agosto, o futuro da linha do Tua, quais os investimentos previstos para aquela ferrovia e a futura barragem eram algumas das questões que os deputados pretendiam ver esclarecidas.

 

Já no final da reunião, que se prolongou por quatro horas, a secretária de Estado disse que aquelas averiguações internas foram determinadas pelo ministro no final de Outubro e que o prazo é de um mês. Ana Paula Vitorino disse ainda que a linha do Tua, até ao Cachão, vai permanecer encerrada até Março de 2009, porque o plano de intervenção na linha do Tua foi entregue quinta-feira no Ministério pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) e as obras só estarão concluídas nessa ocasião.

 

 A secretária de Estado escusou-se a quantificar o montante do investimento do plano, alegando que só é possível saber o total "quando as obras estiverem terminadas". Entre as alterações a realizar na linha do Tua contam-se a substituição da automotora, trabalhos de consolidação do carril, intervenções no material circulante, um levantamento geotérmico do local e a colocação de um sistema de monitorização e detecção da queda de objectos na linha. No entanto, Ana Paula Vitorino admitiu que em 2006 o Governo já tinha determinado um investimento "profundo" na linha do Tua que só agora está a ser realizado. Esta admissão motivou acusações por parte dos deputados da oposição que contestaram o facto de se ter demorado dois anos para investir numa linha onde já tinham sido detectados problemas. No final da audiência da secretária de Estado na Comissão de Obras Públicas, todos os partidos da oposição referiram não ter ficado esclarecidos sobre as causas do acidente na linha do Tua e o futuro da linha. Apenas os deputados do PS se mostraram esclarecidos. São estes os pormenores avançados pela Lusa.

 

O Presidente da sociedade Metro de Mirandela já reagiu a estas declarações. José Silvano diz que há aspectos negativos e positivos, salvaguardando que pela primeira vez o Governo assume que vai investir na linha e que vai manter-se a ligação na sua totalidade.

 

Confrontado com o facto da linha só abrir, no seu troço completo, em Março do próximo ano, e dessa forma aumentar os prejuízos da empresa Metro de Mirandela, José Silvano diz que terá de ser feito um esforço suplementar por uma causa que classifica de social de desenvolvimento da região.

 

Diga-se ainda que esta sábado está agendado em Mirandela, um debate sobre a linha do Tua e da barragem de Foz-Tua, promovido pelo presidente da Assembleia Municipal, José Manuel Pavão.