Fresco descoberto no Convento de Balsamão

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Qui, 10/07/2008 - 10:03


As obras de remodelação da igreja do Convento de Balsamão levaram a uma descoberta surpreendente. Trata-se de três imagens com cerca de cinco séculos e que vêm enriquecer o espólio desta igreja do concelho de Macedo de Cavaleiros. As obras já mereceram a apreciação de um perito em frescos.

Foi descoberto nas obras de remodelação da igreja do Convento de Balsamão, em Macedo de Cavaleiros, um fresco composto por três imagens que, provavelmente datam do século XVI. O painel estava escondido por detrás da madeira pintada que forra o presbitério e quando foram tiradas para serem tratadas deu-se a descoberta. Basileu Pires, do Convento de Balsamão, explica melhor como se deu a descoberta. “ Aquela parte onde estão os frescos estava forrado com madeira pintada, e o entalhador estava a retirar essas tábuas laterais para as tratar e limpar, e qualquer coisa se solta, havia um oco e por trás havia pinturas “, conta.  

 Basileu Pires explica agora o que representam as três imagens descobertas numa das paredes da igreja. “Numa imagem vê-se São João Baptista vestido de peles de camelo, que tem na mão esquerda um livro no qual assenta o cordeiro e de onde sai a haste do estandarte da vitória de Cristo ressuscitado e com a mão direita aponta para o cordeiro”, esclarece Basileu Pires. Noutra imagem encontrada “está um frade já ansião, careca, de barbas brancas, que tem na mão direita uma bengala e na mão esquerda um rosário”. “Em baixo destas duas imagens, aparece uma mulher semi-nua”, acrescenta Basileu Pires. “A leitura será esta: ninguém está livre da tentação, até os fradinhos velhos”.  

Em Balsamão já esteve o melhor perito português de análise de frescos, aconselhado pela Associação Terras Quentes, que está a fazer o levantamento arqueológico do concelho e o inventário do património religioso da diocese de Bragança-Miranda.

 “Já esteve cá o Dr. Joaquim Caetano, o melhor especialista de frescos que há em Portugal, recomendado pela Associação Terras Quentes”, revela Basileu Pires sublinhando que o “perito viu-os, embora ainda não tenha feito um estudo exaustivo, disse que possivelmente são do século XVI”. “O especialista virá cá para os consolidar e para recompor algum pormenor que esteja mais esbatido”, conclui Basileu Pires. 

As obras de remodelação da igreja começaram a 14 de abril deste ano, e o prazo de conclusão era o mês de Agosto... contudo, algumas surpresas têm surgido, como é o caso da descoberta dos frescos e também algumas modificações à ideia de remodelação inicial.