Ford testa Madeira Líquida para a construção automóvel

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Seg, 03/08/2009 - 18:15


Este novo componente poderá servir para construir peças do interior do veículo ou ainda no compartimento do motor. Actualmente são já 290 as peças produzidas pela Ford que derivam de fontes renováveis.  

 

Como parte do seu comprometimento com vista à utilização de matérias-primas renováveis na produção de componentes para a indústria automóvel, o Centro Europeu de Investigação da Ford de Aachen, na Alemanha, encontra-se a trabalhar num processo inovador que visa utilizar um novo composto de madeira plástica (WPC – wood plastic compound), genericamente conhecido como madeira líquida. 

A investigação relacionada com este novo material está inserida num projecto a três anos iniciado em Maio último e recorre a financiamento público, no âmbito do programa tecnológico e de inovação da região alemã do Reno Norte/Westphalia.

O processamento para obtenção de madeira líquida é derivado do que permite a extracção do composto da borracha. O composto de madeira e plástico previne a absorção de água e, como tal, aumenta a durabilidade deste material. O recurso a madeira não tratada e a resíduos desta substância torna a sua aplicação extremamente atractiva em termos de gestão ambiental. 

Outra vantagem traduz-se no facto da tecnologia do seu processamento aumentar significativamente a estanquicidade dos processos de selagem das fibras de madeira, permitindo, por exemplo, o isolamento de odores desagradáveis. Por essa razão, a madeira líquida pode também ser usada na concepção de determinadas peças do interior dos veículos ou ainda no compartimento do motor.

Análises já  realizadas demonstram que a madeira líquida tem uma excelente taxa de reciclagem dado que o material pode ser transformado até um máximo de cinco vezes. Por essa razão, o peso do CO2 inerente ao processo é quase neutro. 

Até à data, a madeira líquida apenas tem sido utilizada na construção de painéis de isolamento exterior de casas, os quais não obrigam a processos de moldagem. Isto é importante dado que a viscosidade de um material condiciona o seu grau de moldagem. Com uma elevada parcela de madeira (entre os 60 e os 80%), a sua viscosidade tornou-o inadequado para os processos convencionais de moldagem por injecção, que apenas é economicamente viável em processos de produção de componentes em larga escala, tais como peças em plástico. Este é uma das principais questões que estão a ser analisadas no processo de avaliação deste projecto.

A utilização de recursos renováveis tem tido um papel preponderante na actual estratégia ambiental da Ford. O objectivo é de aumentar ainda mais o volume de materiais de origem natural no desenvolvimento de novos modelos. Actualmente são já 290 as peças produzidas pela Ford que derivam de fontes renováveis, tais como o algodão, a madeira, fibra de juta, borracha natural, linho e cânhamo.

O projecto integra instituições tão diversas como a Universidade de Paderborn, produtores de maquinaria e de materiais e organizações da indústria de empacotamento e armazenamento. Por seu turno, o estado alemão do Reno Norte/Westphalia investiu cerca de € 400.000 no projecto, numa importante fatia de um budget total que ultrapassa € 1.000.000.