Qua, 28/01/2009 - 12:43
O Ford Capri começou por surgir como 'Projecto Colt' nas pranchas de desenho dos ateliers da Europa, muito graças ao sucesso que o Mustang estava a ter do outro lado do Atlântico, e cedo se mostrou um caso de sucesso no Velho Continente. Depois de um ano onde várias propostas e desenhos foram analisados, surgia a interpretação britânica daquele modelo de produção norte-americana. No início de 1966 tomaram forma os primeiros mock-ups à escala, mostrados em clínicas realizadas em várias cidades europeias, para em Julho desse ano a Ford dar o aval ao início do desenvolvimento do projecto, com um investimento inicial de 20 milhões de libras.
Em Novembro de 1967 apurava-se, em definitivo, o design da carroçaria e, em virtude da designação Colt estar registada por outro construtor, o nome escolhido passava a ser Capri, proveniente da ilha sita ao largo de Itália e que a Ford já havia utilizado noutro modelo, o Consul Capri. Quanto a conteúdos, muitos eram oriundos de outros modelos da marca, como os motores, do bloco 1.3 litros (do então novo Escort MKI), ao 2.0 do Corsair, passando pelo 1.6 do Cortina, de onde provinham também as transmissões. No mesmo mês de 1968 arrancava na fábrica de Halewood (Inglaterra) a produção do Ford Capri, de modo a assegurar que todos os concessionários tivessem pelo menos uma unidade em exposição nos seus stands no lançamento. O seu posterior sucesso faria com que passasse também a sair de Dagenham (Inglaterra), Genk (Bélgica), Colónia e Saarlouis (Alemanha), de modo a dar resposta às encomendas. A apresentação pública do modelo far-se-ia, assim, a 24 de Janeiro de 1969, por ocasião do Salão de Bruxelas (Bélgica). Três dias antes o Ford Capri havia estado exposto numa pré-mostra em Bona (Alemanha), para um grupo restrito de convidados. Pouco tempo antes houvera outra em Chipre, só para a imprensa e com total embargo à publicação do que quer que fosse antes do seu lançamento ao público na abertura do salão automóvel. Depois de três gerações – MKI, MKII e MKIII – a 19 de Dezembro de 1986 saía da linha de montagem na Alemanha o último dos Ford Capri, a unidade nº 1.886.647.
O Ford Capri em Portugal
Daquele total produzido, 4.310 unidades foram matriculadas no nosso país. As primeiras 115 foram importadas de Inglaterra em 1969, para no ano seguinte se iniciar a produção do Ford Capri na Fábrica de Montagem de Azambuja, o que sucederia até 1976, último ano da comercialização do modelo em Portugal. Em Portugal só se comercializaram variantes com motorizações de origem britânica, como sejam os Capri 1300, 1600, 1600GT e 3000GT. Em 1973, no face-lift do modelo (que entre nós ficaria a conhecer-se como Capríssimo), foram introduzidos os motores de árvore de cames à cabeça, os conhecidos motores 'Pinto' para os modelos 1600, 1600GT, 2000GT e 3000GT. Em 1974 surge o Capri MKII com as motorizações anteriores. Refira-se que neste ano é importado para Portugal – via Alemanha, para o gerente da Auto Neofor, então Concessionário Ford na Guarda – o único Capri 2600 RS Injection, a jóia da coroa da gama. Muitos deles ainda circulam nas nossas estradas graças ao carinho dos coleccionadores e também aos esforços do Capri Club de Portugal em manter viva a chama à volta do modelo que, entre outras particularidades, é lembrado pela sua assinatura de publicidade, como "O automóvel que sempre prometeu a si próprio".