FCT vai financiar seis projectos de investigação para o Parque Natural de Montesinho

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Sex, 15/01/2021 - 09:20


A Fundação para a Ciência e Tecnologia vai financiar seis projectos de investigação que terão como pano de fundo o Parque Natural de Montesinho. O conjunto das candidaturas seleccionadas traduzem um investimento total de 1,4 milhões de euros. Três deles envolvem o Instituto Politécnico de Bragança

Contando com o financiamento de 125 mil euros, uma das candidaturas pretende avaliar in loco a adaptação da pastorícia às alterações climáticas nesta área protegida, como explica a investigadora da Escola Superior Agrária, Marina Castro. “Por um lado queremos perceber quais são as percepções dos criadores às alterações climáticas e, por outro lado, como já estão a actuar no terreno face a estas alterações. A nossa expectativa é que estejam já a tomar medidas de adaptação ainda que não tenham eventualmente essa consciência. As alterações climáticas têm sido muito estudadas em gabinete”.

Outro projecto coordenado pelo IPB vai dispor de 245 mil euros de financiamento e propõe a dinamização da produção e consumo sustentáveis de cogumelos de Montesinho. A investigadora do Centro de Investigação de Montanha, Carla Pereira, acredita que esta área tem muito potencial e ainda por explorar. “A disponibilidade destes produtos é limitada por vários factores, como a sazonalidade das espécies, a variação das condições meteorológicas, a apanha indiscriminada e o comércio ilegal das espécies mais apreciadas. Tudo isto tem tido um impacto muito negativo no ecossistema e economia regional. Com este projecto podemos dar resposta aos principais problemas”.

Outra das investigações apoiadas visa impulsionar a floresta de carvalhos do parque e é liderada pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, em parceria com o IPB e a Universidade de Vigo, contando ainda com a participação de uma empresa de apicultores e do agrupamento de produtores de mel do Parque.

Além de estudar o carvalho negral de Montesinho, o objectivo é valorizar produtos desta floresta, como o mel de melada e a bolota, explica Soraia Falcão, investigadora do CIMO. “No mel de melada queremos determinar a origem desse mel, de maneira a dar-lhe um valor mais acrescentado. No caso da bolota queremos estudá-la em termos fisco-químicos e nutricionais. Queremos transformar farinha de bolota e aplicá-la em produtos alimentares e queremos fazer óleo de bolota para ver as suas potencialidades na alimentação, em substituição de outro tipo de óleos”.

Este projecto conseguiu um financiamento de cerca de 250 mil euros para desenvolver a investigação ao longo de três anos.

Também foram seleccionados para serem apoiados por esta linha de financiamento da FCT, dedicada em exclusivo ao Parque Natural de Montesinho, as candidaturas que propõem novas estratégias para valorizar o mel desta área protegida, apresentada pela Associação Rede de Química e Tecnologia; a proposta de reabilitação e revitalização do património cultural construído no Parque, apresentada pela Universidade do Minho e o projecto de um Observatório da biodiversidade de Montesinho, para observação da terra e conservação da biodiversidade, proposto pela Universidade do Porto.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro