Falta de especialistas leva CHNE a pagar acima do estipulado pelo Governo

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Qua, 03/06/2009 - 09:21


A falta de médicos especialistas dispostos a vir para o interior está a levar o Centro Hospitalar do Nordeste a pagar a alguns profissionais acima da tabela prevista pelo Governo.  

Em causa estão apenas os chamados médicos tarefeiros, com contratos de prestação de serviços.

Uma situação que é do conhecimento do ministério da saúde, como confirmou a ministra Ana Jorge, e mereceu, inclusive, o seu consentimento.

 

“Sabemos que em determinadas zonas do país é muito mais difícil ter algumas especialidades, o que faz com que os valores tenham de ser ultrapassados. Mas os hospitais têm de justificar isso, porque, por um lado, temos de garantir o tratamento às pessoas mas, por outro, ter a consciência que devemos gerir com rigor o dinheiro que é de todos nós”, explicou Ana Jorge.

 

De acordo com o Centro Hospitalar do Nordeste são 18 os casos em que se excede o valor referência de 35 euros por hora, sendo que em nenhum deles são ultrapassados os 40 euros.

Uma situação que o administrador António Marçoa explica com a dificuldade em recrutar profissionais para o interior transmontano.

 

“O despacho explicita que são valores de referência e que devem ser justificados. Lançámos avisos nos principais jornais e não tivemos uma única resposta. Enviámos cartas aos médicos que estavam a acabar o internato na especialidade dizendo que aqui tinham melhores condições mas obtivemos só duas respostas, de médicos que acabaram por nem ficar”, explica António Marçoa, que garante “não ter outra alternativa senão pagar”.

 

Ao todo estão em falta entre oito a dez profissionais no Centro Hospitalar do Nordeste. António Marçoa diz que são cinco as especialidades mais carenciadas.

“Neste momento precisamos na pediatria, se calhar na ortopedia, na obstetrícia, na anestesia ficaríamos bem com mais dois, e na otorrino. Estes todos darão entre oito a dez profissionais”, resume.

António Marçoa diz que mesmo nestes casos que excedem o limite definido pelo Governo, o centro hospitalar fica a ganhar.

 

“Há casos em que vale a pena pagar serviços de acção médica mais elevados porque é bom não esquecer que o serviço é pago pelo número de horas que estão a trabalhar. Se ficarem todo o ano só pagamos 12 meses e não 14 e não pagamos os descontos para a Segurança Social”, conclui.

 

Para além destes 18 casos, existem mais algumas especialidades em que o pagamento é feito por acto médico e não em função das horas.

No entanto, não estão abrangidos pelo despacho do Governo.



 Escrito por Brigantia