Ex-director defende subsídios para fixar população em Montesinho

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Ter, 31/08/2010 - 09:39


A presença do homem no Parque Natural de Montesinho tem de ser paga. A ideia foi defendida ontem por Dionísio Gonçalves, o primeiro director daquela área protegida, nas comemorações dos 31 anos do parque. Desde a sua criação, Montesinho já perdeu cerca de três mil habitantes.  

E para estancar esta fuga de população, Dionísio Gonçalves entende que é preciso atribuir subsídios que promovam a fixação.

“As condições na área do parque têm de ser privilegiadas e se há que dar subsídios, têm de ser dar” afirma. “Há que pagar de qualquer maneira porque se a actividade económica deixou de ser rentável há que dar subsídios e se for preciso pagar em acrescento para manter esta paisagem, tem de se paga” reforça.

 

Dionísio Gonçalves acrescenta que a reestruturação das áreas protegidas que as agrupou em departamentos não foi benéfica para o Parque Natural de Montesinho.

“Foi negativa em termos de organização. Esta é uma área de grande proximidade entre as populações, que são os donos do parque, e quem os representa” afirma. “Tem de haver um rosto de proximidade. Há sempre os técnicos mas ninguém pode dar directamente a cara”.

 

O director do Departamento Norte das Áreas Classificadas responde a estas criticas dizendo que o problema do despovoamento não é exclusivo do Parque Natural de Montesinho e que a atribuição de subsídios não é competência do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.

“Este problema não se passa só em áreas protegidas, mas em todas as zonas rurais. O que é preciso é que haja condições para que as pessoas lá vivam. Deve-se pagar mas também é preciso que haja infra-estruturas para que as pessoas lá vivam: ensino, saúde, transportes” afirma. “É um processo complexo que terá muito pouso a ver com a gestão dos parques mas sim com o modelo de desenvolvimento e gestão do território” salienta.

 

Já quanto à ausência de uma figura que represente directamente o Parque Natural de Montesinho, Lagido Domingos anuncia que há um novo director adjunto residente nesta área protegida.

“Desde Julho que o Parque de Montesinho tem um director adjunto residente que vai de certeza alterar essa ideia que as pessoas têm” refere. “Quando tratei da substituição do director adjunto uma das questões que coloquei foi precisamente residir profissionalmente no Parque Natural de Montesinho e estabelecer pontes com as populações”.

 

O director do Departamento Norte das Áreas Classificadas admite, no entanto, que tem havido uma preocupação exagerada na conservação da natureza e que a aposta deve ser antes feita na divulgação dos valores naturais.

Escrito por Brigantia