Espectáculo de Marina Mota cancelado por falta de alvará de auditório de Mirandela

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Qui, 18/02/2010 - 11:43


O Auditório Municipal de Mirandela não tem alvará para a realização de espectáculos culturais. A denúncia parte da companhia dirigida pela actriz Marina Mota que tinha marcado um teatro de revista para o dia 26 deste mês, naquele local, mas teve de cancelar quando a Inspecção-Geral das Actividades Culturais recusou passar a licença para a realização do evento.

A produtora de Marina Mota fez uma proposta à câmara de Mirandela para a apresentação do Teatro de revista denominada “Isto agora ou vai ou marcha” no auditório municipal, com a receita de bilheteira a reverter integralmente para aquela produtora. No entanto, a empresa deparou-se com um obstáculo quando a IGAC recusou conceder a licença para a realização do espectáculo, alegando que a sala em causa não tinha alvará. Marina Mota decidiu cancelar o teatro de revista que estava marcado para o dia 26 deste mês.

 

“A licença não nos foi concedida porque o teatro municipal de Mirandela não tem alvará. Avisámos alguém responsável da autarquia e disseram-nos que de facto não tem alvará. Assim sendo, não pode receber espectáculos. A autarquia diz que não se responsabiliza. Incorro numa multa enorme e podem retirar-me a licença enquanto produtora e promotora de espectáculos. Mas sendo um auditório da responsabilidade da câmara, são as entidades responsáveis a fazer o que seja necessário para se realizar o espectáculo.”

 

Marina Mota confessa que esta é a primeira vez que se depara com este tipo de situação.

 “Nunca me aconteceu porque não faz sentido entrarmos em contacto com uma entidade responsável de um espaço, acordarmos condições, e todas as conversas serem efectuadas, marcarmos uma data e, de repente, não tenho licença.”

A actriz diz que a produtora já teve algumas despesas nomeadamente os cartazes a anunciar o teatro de revista e espera que a autarquia tenha isso em conta. Marina Mota admite pedir uma indemnização.

 

“Trabalhamos com uma calendarização. Se este espectáculo está marcado há um mês, agora já não vou para outro sítio. O natural seria eu pagar aos técnicos e bailarinos. E o mais grave de tudo isto é o público ficar com uma imagem de nós negativa”, diz.

 

A actriz garante que se a autarquia se responsabilizar, o espectáculo ainda pode vir a realizar-se.

 

A vereadora da cultura da câmara de Mirandela confirma que não foi renovado o alvará do auditório municipal, porque o espaço já está obsoleto para a realização de espectáculos de grande dimensão. No entanto, Gentil Vaz diz que a IGAC tem conhecimento que o espaço está a ser alvo de obras de remodelação e ampliação e só posteriormente terá condições para ver o alvará renovado. Gentil Vaz diz ter avisado, via telefone, o produtor executivo de que o espaço não teria as condições desejadas para este tipo de espectáculo, mas a produtora nunca se interessou em ver in loco a situação.

 

“Tivemos uma inspecção da IGAC que nos chamou a atenção que para nos ser renovado o alvará teriam de ser feitas algumas alterações ao auditório. Disseram-nos que assim que tivermos as obras a iniciar seria tudo regularizado. Agora se eles necessitam de licenças especiais, o problema é deles. Nunca se preocuparam em vir aqui. Só faziam exigências. E o produtor disse que se responsabilizava inteiramente por fazer tudo isso e nunca mais me preocupei”, diz.

 

Quanto ao facto de não ter alvará, Gentil Vaz acrescenta que as actividades culturais que têm acontecido no auditório municipal são da responsabilidade do Município e a IGAC tem conhecimento delas. O problema, diz a vereadora da cultura, é que este espectáculo era pago.

 

“O alvará tem de ser renovado. Só o palco vai ficar em quatro milhões de euros e a câmara não o pode fazer de um momento para o outro. Mas o alvará vai ser renovado. As actividades que têm aqui decorrido são da nossa responsabilidade porque são nossas”, sublinha.

 

O que parece certo é que o teatro de revista foi cancelado: Marina Mota, Carlos Cunha e outros actores da companhia recusam-se a marcar presença numa sala que não tem alvará.

Escrito por CIR