Ter, 12/11/2024 - 08:13
Em resposta ao Jornal Nordeste, um dos sócios, João Barros, realçou que “nada fará contra a vontade das populações” e “se a real vontade das populações é a oposição ao pedido de prospecção em causa, a GMR não necessita de mais nenhum dado ou parecer para tomar a decisão de não avançar com o processo”. Confrontado com a prospecção ser numa área de Rede Natura 2000 e na Reserva da Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica, defendeu que “os tipos de trabalhos previstos executar nestas áreas têm um impacto ambiental residual e totalmente reversível”. No entanto, não é isso que defende a professora de Educação Ambiental no Instituto Politécnico de Bragança, Adorinda Gonçalves. “São zonas especiais de conservação para diversas espécies, nomeadamente para aves, mas não só. São zonas extremamente importantes, em que temos paisagens únicas. O percurso da biodiversidade em Carrazedo, por exemplo, é o percurso das borboletas. As borboletas não têm problema nenhum, não têm interesse. Todos os organismos têm interesse. E, por exemplo, as borboletas e outras espécies de insectos são extremamente importantes do ponto de vista da polinização. Sem polinização não há fruto. Toda a cadeia que está associada à nossa paisagem natural e construída é toda uma cadeia harmoniosa. Se nós quebramos um elo da cadeia, lá se vai a cadeia”.
A docente falou ainda da possibilidade de contaminação da água. “A contaminação provocada por um processo de mineração, independentemente da sua natureza, vai afectar, por exemplo, as linhas de água. Há vários cursos de água em causa. Há todos os custos de água que vêm à Albufeira de Gostei, por um lado, que tem um investimento em termos de regadio, e, depois, temos os outros cursos de água que vão em direcção, mais à zona de Vinhais, ao Baceiro e ao Tuela, mas que também são igualmente importantes”.
A Associação de Baldios de Carrazedo tem sido uma das entidades com voz activa neste processo. Um dos membros, José Gonçalves, receia que aconteça o mesmo que está a acontecer em Boticas, até porque é na Serra da Nogueira que se situa a maior mancha de carvalho-negral da Península Ibérica. “Estamos numa reserva natural da biosfera. Temos muito orgulho de ser uma das regiões mais bem protegidas, da mancha de carvalho negral que temos. Estamos implicados com a protecção dessa natureza, dessa floresta. E não é de hoje, não é desde que começámos a ouvir falar de minas, este tem sido o nosso percurso ao longo dos últimos, pelo menos, 15 anos”.
Além disso, sublinhou ainda a riqueza arqueológica que existe nesta aldeia. Por isso, a posição da associação é clara. “Estamos cá para dizer que não estamos calados, que temos voz e queremos manifestá-la e deixar essa posição presente para o que poderá vir a seguir, porque temos receio que depois de uma prospecção venha a parte mais danosa que é a exploração”.
O pedido de prospecção mineira, em aldeias dos concelhos de Bragança e Vinhais, tem vindo a gerar polémica, com a população deixar claro a sua posição. O projecto abrange uma área de mais de 100 Km quadrados e o objectivo é o estudo de minerais como níquel, cobalto e cobre.
Escrito por Brigantia