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Consumo excessivo de alheira é prejudicial à saúde

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Seg, 18/02/2008 - 08:06


Dieta Mediterrânica e Dieta de Montanha, mito ou realidade? Foram estes dois conceitos que estiveram em debate à entrada para este fim-de-semana, no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros. Elogiaram-se carnes e raças da região, como a barrosã e a mirandesa. Alertou-se para as boas propriedades de vários produtos regionais, como o azeite, a amêndoa e a castanha, mas também se chamou à atenção para o consumo excessivo de algo que para a saúde não tem nada de bom, a alheira.

“O simples prazer de a comer”… é esta a única vantagem que a nutricionista do Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros, Eunice Rodrigues, encontra na alimentação composta à base de alheira. Mesmo assim, este é um benefício mais psicológico do que nutricional. O primeiro erro está na quantidade: uma alheira dá para duas pessoas e o povo, de uma forma geral, consume mais do que uma por pessoa. Depois trata-se de um enchido com elevado teor de gorduras, de sal e de nitratos (compostos cancerígenos), uma vez que é curada com fumo. Eunice Rodrigues afirma que apesar de serem produtos da região não podem ser ingeridos em excesso, “são produtos típicos nossos… temos que os vender e promover, mas não podemos fazê-lo à custa da saúde das pessoas, são produtos que fazem parte da nossa alimentação mas tudo depende da quantidade e da frequência do consumo”.

E agora pensam todos, há que deixar de comer alheira? Nem por isso, uma das principais características da dieta mediterrânica é a diversidade, mas também a moderação. António Pimentel, médico, aconselha sim, a seguir a uma alheira, uma boa dose de exercício físico, “a alheira tem um valor energético muito grande, se tem esse valor há que gastar a alheira, só assim a alheira nos pode fazer bem, porque nos dá prazer e não faz mal porque nós gastamos aquilo que ela nos dá a mais”.

Mas os solos da região transmontana contribuem bem mais com produtos que fazem bem à saúde, do que com produtos maléficos. O problema é que são muitas vezes esquecidos. A nutricionista Eunice Rodrigues garante que “as nozes e as amêndoas são alimentos maravilhosos… são alimentos riquíssimos, acrescentado ainda que mesmo a própria gordura destes alimentos, é uma gordura insaturada, mais saudável, e portanto duas ou três vezes por semana uma mãozinha de nozes ou de amêndoas é óptimo para a nossa saúde”.

E, se na mesa lhe aparecessem para comer: sabugueiro, abóbora avinhada, cuscus de água de bacalhau, beldruegas e amêndoas com azeite? São confecções estranhas, que caíram em desuso, mas que já fizeram parte dos menus transmontanos. Quem as pretende reavivar é António Manuel Monteiro, grão-mestre da Confraria de Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro, que as apelida de “comidas enjeitadas”.

A alheira, um prato típico de Mirandela, que quando ingerido em excesso pode trazer algumas consequências graves para a saúde. Esta foi uma das conclusões do debate que teve lugar no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros.