Comerciantes da fronteira temem perder os clientes para Espanha

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Qua, 06/10/2010 - 10:20


  O aumento do IVA para 23% pode provocar um desvio de comércio de Portugal para Espanha.

Os comerciantes das regiões fronteiriças, como Miranda do Douro, temem vir a perder os poucos clientes que ainda vão tendo.

 

O som da caixa registadora é o que os comerciantes mirandeses temem vir a deixar de ouvir, depois do aumento do IVA para 23 por cento.

 

Numa região fronteiriça marcada pela proximidade com o mercado espanhol, onde o IVA é mais baixo, o perigo de fuga de clientes aumenta a cada subida de impostos do lado de cá da fronteira.

 Entre os comerciantes, há mesmo o receio de ficarem com as lojas entregues às moscas.

“Os mesmos clientes agora vão consumir menos porque as coisas vão subir”, avisa José Fernandes. “Já antes estava muito mal, a partir de agora pior ainda. Se já havia muita gente a ir comprar ao país vizinho, agora vai ser pior”, acredita Sandra Castilho. A mesma opinião tem José Carlos Ramos. “Já notamos uma crise, com uma quebra de espanhóis”, diz. “Os portugueses não vão suportar esse aumento. Em Espanha pagam 18 por cento e nós 23”, diz António Pires. Mas para Francisco Assis é “catastrófico”.

 

Mas nem tudo são más notícias porque os turistas espanhóis continuam a cruzar a fronteira para o lado de cá do rio Douro.

 

E entre os mirandeses, há a consciência de que nem sempre vale a pena ir lá fora às compras. Pelo menos enquanto o IVA não voltar a disparar.

 

 “Quando vou lá, aproveito para comprar. De propósito não vou” garante Conceição Silva. Também Ana Maria Posse diz que não vai de propósito a Zamora. “Há que contar com o gasóleo e o desgaste do carro”, explica. “Prefiro deixar o dinheiro na minha terra”, diz ainda Maria Martins.

 

Para Artur Nunes, presidente da Câmara mirandesa, eleito pelo Partido Socialista, há alguns sectores que podem sair especialmente prejudicados com a diferença de impostos entre Portugal e Espanha.

  “Nomeadamente na área alimentar, em que os ganhos rondam os sete, oito por cento, que é diferença no IVA.”

E a própria autarquia pode vir a ter que rever os projectos que previa executar.

 

 “É evidente porque as receitas das câmaras são muito poucas. Se o Estado reduz, também temos de cortar no investimento.”

 

As regiões de fronteira, como Miranda do Douro, com medo de perderem ainda mais clientes para Espanha devido à cada vez maior diferença no valor dos impostos.

Escrito por CIR/Brigantia