CHNE aumentou prejuízo em 30 por cento

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Qui, 22/04/2010 - 11:08


O Centro Hospitalar do Nordeste regista um aumento superior a 30 por cento no prejuízo em 2009, relativamente ao ano anterior. De nove milhões de prejuízo em 2008, o CHNE passou para os 12,5 milhões previstos para 2009.

Apesar de as contas ainda não estarem encerradas, António Marçoa, vogal do conselho de Administração, revela que os custos subiram quatro e meio por cento, sobretudo os custos com pessoal e os custos com material clínico.

O que num orçamento total de 60 milhões de euros representa uma subida de cerca de três milhões.

“Se excluirmos o consumo de material clínica, o aumento é bastante mais baixo do que esse. Por exemplo, com os custos de pessoal tivemos um aumento de 2,2 por cento, apesar de termos feito a actualização salarial da Função Pública, que foi de 2,9 por cento. No consumo de material clínico tivemos um aumento de sete por cento, quase todo ligado às cirurgias às cataratas, em que passámos de 700 para mais de duas mil, o que consome bastantes lentes, medicamentos e material. Se retirarmos isso, baixaríamos para 3,4 por cento os nossos custos.”

Estes números contrastam com os do centro hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, onde se prevê um lucro de 2,2 milhões de euros.

António Marçoa explica que os dois Centros Hospitalares estão em categorias diferentes de classificação e que, por isso, o de Vila Real recebe uma comparticipação maior do Estado por cada acto médico.

“Se nós recebêssemos pelas mesmas coisas que fazemos sem alterações, recebíamos mais 11 milhões de euros por ano, o que deixava as nossas contas equilibradas. Mas se o CHTAD recebesse pelos nossos valores, eram menos 25 milhões de euros. E esses tais 2,2 milhões de resultado positivo passavam para 23 milhões negativos.”

Para além disso, António Marçoa refere que esta região tem uma área muito dispersa e, por isso, tem mais custos para o transporte de doentes. No caso do CHNE são mais de um milhão e quinhentos mil euros.

“Juntando o custo de transporte com a população que servimos - que tem duas características muito próprias. O envelhecimento e um rendimento per capita que é apenas de 60 por cento da média nacional -, levam a população a recorrer mais aos cuidados de saúde pública e vai precisar de apoios nos transportes.”

Apesar destes resultados negativos, o vogal do conselho de administração garante que não haverá despedimentos.

“Nem pense nisso, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Isto não é uma fábrica, é um hospital. Só podia pensar em controlar custos com despedimentos se chegasse à conclusão que o pessoal que tenho é excessivo ou que não faz falta. Mas o grande peso ainda está na área clínica, na parte da enfermagem, de auxiliares de acção médica, médicos e técnicos dos meios complementares de diagnóstico. Nós não temos excedentário. Mas a política que temos seguido não é despedir pessoal mas libertar gente de alguns sectores em que há gente a mais para outros locais onde estávamos a precisar de celebrar contratos a prazo”, explica, acrescentando que são, sobretudo, casos de “pessoal administrativo”.

Para além disso também não haverá uma redução dos serviços.

António Marçoa revelou ainda que o CHNE se candidatou a um ajustamento orçamental por parte do Governo, para ajudar a equilibrar as contas.

Escrito por Brigantia