Certificação de competências em mirandês

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Sex, 12/06/2009 - 08:53


O Centro de Novas Oportunidades do Piaget de Macedo de Cavaleiros certificou os dois primeiros alunos em mirandês. É a primeira vez no país, desde a história da certificação e validação de competências, que existe um júri em mirandês.  

Um salto para a língua mirandesa, que começa a ganhar competências e deixa de estar ligada a poucos falantes, que vivem da agricultura.

Albertina Pires, de São Pedro da Silva, no Planalto Mirandês, garante que não poderia ter sido de outra forma: em mirandês, a língua mãe que já fala desde pequena. “Se andaram a oficializar a língua e ninguém faz nada ficamos na estaca zero, por isso disse que só fazia se fosse em mirandês” refere.

 

O mesmo pensa Luís Silva, também de São Pedro da Silva, com 36 anos. É em mirandês que diz ter pena que se fale tão pouco esta segunda língua oficial. “Eu gostava que mesmo as pessoas em Miranda falassem mais a língua pois há muitos que não a percebem” afirma.

 

Amadeu Ferreira, presidente da Associação de Língua Mirandesa, esteve presente neste 1º júri nacional de certificação de competências em Língua Mirandesa, confessa ter ficado surpreendido pois “a forma como eles conseguiram expressar competências que adquiriram na língua mirandesa mostravam uma desenvoltura”.

O expoente máximo da língua mirandesa congratula-se pelo facto da língua mirandesa ter dado um salto com este pequeno passo.

Amadeu Ferreira agradeceu a estes dois alunos que decidiram defender a validação das suas competências em mirandês e ainda teve tempo para comentar as palavras do ministro da cultura quando comparou os mirandeses aos loucos gauleses dizendo que “fiquei triste” com essas palavras até porque “ele enganou-se porque os loucos eram os romanos e a dignidade estava do lado dos gauleses”.

 

Carlos Silvestre, do Centro de Novas Oportunidades de Macedo de Cavaleiros, explica o caminho percorrido para possibilitar a certificação e validação de competências em mirandês. “Tivemos de encetar um processo de pedido de validação do processo em mirandês que foi longo pois precisámos de fazer chegar às pessoas de Lisboa alguma informação que fosse uma mais-valia” refere, acrescentando que “demos a conhecer a intenção que havia por parte de um grupo de pessoas de Miranda que estava interessado em fazer mas só se fosse em Mirandês”.

Escrito por CIR