Caminho rural causa revolta em Mirandela

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Qua, 18/08/2010 - 09:13


Um caminho rural junto à ponte da Formigosa, em Vale de Juncal, no concelho de Mirandela, esteve na base de uma revolta popular, ontem. O caminho está próximo da EN315 que está a ser alvo de obras de beneficiação, entre Mirandela e Rebordelo, e a Estradas de Portugal preparava-se para fechar o acesso, mas vários populares, incluindo o presidente da junta de freguesia de Carvalhais, não deixaram. A GNR foi mesmo chamada ao local para acalmar os ânimos.  

A discussão gira à volta da denominação do caminho.

Será público ou privado.

Os populares das aldeias servidas pelo referido caminho alegam que se trata de um terreno público e por isso defendem que deve continuar aberto à circulação.

O presidente da junta de freguesia de Carvalhais confirma que, na segunda-feira, ao ver as pedras no acesso ao caminho mandou retirá-las.

Esta terça-feira, as pedras voltaram a ser colocadas na entrada do caminho e a empresa Estradas de Portugal preparava-se para fechar o acesso, quando dezenas de populares não permitiram.

“Há aqui um caminho público e agora com estas obras isto foi cortado. Puseram aqui umas pedras e nós tirámo-las” refere António Jacob, acrescentando que “as pessoas que vêm de Valpaços atalha, por aqui não vão a Vila Nova das Patas”. O protesto serviu para que “o caminho não volte a ser tapado porque os donos dos terrenos alteraram-no para melhor e queremos que fique assim” salienta.

 

Um habitante de Contins, explica que o início do caminho rural estava junto à ponte da Formigosa, mas, há 18 anos, foi fechado pelo novo proprietário de um terreno anexo.

No entanto, na altura não houve qualquer contestação porque o acesso ficou precisamente nesse terreno, escassos metros mais acima.

Os populares estão dispostos a não deixar fechar o caminho.

“O caminho sempre foi por aqui, junto ao rio. Mas ele quando comprou isto deixou crescer a relva e abriu o caminho por outro sítio. Ficámos mais bem servidos. Na altura ninguém se manifestou” afirma Luís Nascimento, acrescentando que “agora querem fechar o caminho mas nós não vamos permitir nem que tenhamos de montar aqui um piquete porque há pessoas com terrenos dos dois lados do rio e serão obrigadas a ir à rotunda de Vila Nova das Patas”.

 

O filho do alegado proprietário do terreno onde está situado o caminho, diz que houve invasão de propriedade privada, desmente que exista qualquer caminho público no local.

Pedro Rodrigues diz que vai apresentar queixa às autoridades. “Eu cheguei aqui para tirar fotografias por terem entrado em propriedade privada, saltaram-me cinco ou seis indivíduos a insultarem-me e a ameaçarem-me” afirma. “A junta vem com cartas militares a dizer que o caminho é público, mas na matriz não existe caminho nenhum. Nós confrontamos com estrada, com rio, com a ponte mas não com caminho” explica, acrescentando que “eu vou fazer queixa”.

 

A GNR esteve no local com diversos efectivos e depois de muita discussão, ficou decidido que o caminho fica aberto até serem apresentadas provas de que o caminho é privado.

Escrito por CIR