Cadeira de rodas eléctrica devolve a mobilidade a paraplégica depois de meio século de espera

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Sex, 10/09/2010 - 09:24


Viveu mais de 50 anos paraplégica e agora tem uma cadeira de rodas eléctrica que a leva para todo o lado. Um equipamento conseguido através da Cruz Vermelha Portuguesa graças à campanha de troca de tampinhas por material ortopédico. É a história da vida de Maria de Jesus Martins, da aldeia de Valverde, em Alfândega da Fé que fomos conhecer.  

Ficou paraplégica ainda jovem.

Hoje tem 78 anos e ganhou uma nova mobilidade com uma cadeira de rodas eléctrica que lhe foi entregue há coisa de 15 dias.

Maria de Jesus Martins ainda se emociona ao recordar o momento.

“Até me correram as lágrimas e ainda agora me ponho comovida porque fico a pensar como é que Deus me deu assim uma coisa destas” refere. “Parece que até foi um milagre do céu” acrescenta.

 

Até agora esta idosa só saía de casa para ir ao médico e à missa.

Muitas vezes fazia-o arrastando-se pelas ruas da aldeia.

Mora num primeiro andar e tem de subir e descer as escadas de joelhos.

“Saio de gatas até à porta daquela vizinha às tardes para não estar sempre aqui, mas no Inverno não saía porque tenho de descer as escadas todas molhadas” diz. “Há uns tempos mandaram-me ir a Alfândega à Segurança Social e descia as escadas de todas molhadas. O taxista até me disse que eu não podia ir assim porque cheguei lá toda molhada” conta.

 

Com a cadeira de rodas eléctrica já se pode deslocar para onde quiser.

Quando a recebeu “dei uma volta ao povo e tudo ficou admirado a olhar para mim porque já tinha um carrinho” recorda.

Mas precisa da ajuda de alguém que lha coloque ao fundo das escadas. “Já o guio eu sozinha mas para o tirar do baixo, eu não consigo. Tenho de ter ajuda” uma vez que vive sozinha.

 

Agora só falta mesmo resolver o problema do acesso a casa mas Maria de Jesus Martins prefere lhe seja colocado um telhado nas escadas para se proteger da chuva.

 

Esta foi a primeira cadeira de rodas entregue pela delegação de Alfândega da Fé da Cruz Vermelha Portuguesa através da campanha de recolha de tampas de plástico.

A presidente confessa que ficou sensibilizada ao ver a senhora a arrastar-se pela rua.

“Depois de avaliarmos a necessidade dela, porque ela queria ir à missa e dar a catequese e ela rastejava pela rua” explica. “Só de ver, abriu-nos os horizontes e pusemos mãos ao trabalho através do campanha das tampinhas que também quisemos implementar no nosso concelho”.

 

Conceição Chino revela que já há mais pessoas sinalizadas no concelho para serem ajudadas.

“Até Dezembro vamos tentar fazer mais uma recolha e temos outras pessoas no concelho que já foram avaliadas. O pedido já foi feito, agora resta esperar” adianta.

 

A Cruz Vermelha espera agora contar com a ajuda da autarquia para construir o telhado nas escadas da casa de Maria de Jesus Martins.

Escrito por Brigantia