Cabra preta de Montesinho em risco de extinção

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Qui, 21/04/2011 - 15:15


Esta raça autóctone foi reconhecida há cerca de um ano, abrindo perspectivas optimistas de aumento do efectivo, mas agora a decisão de suspender as candidaturas às medidas agro-ambientais do PRODER veio defraudar as expectativas dos produtores que não têm recursos financeiros para manter o efectivo.Depois de dez anos de espera, a cabra preta de Montesinho foi finalmente reconhecida pela direcção-geral de veterinária como raça autóctone, em 2010. 

Esta espécie de caprinos estava seriamente ameaçada de extinção, havendo, apenas 15 produtores com um efectivo de cerca de 600 animais concentrados nos concelhos de Bragança e Vinhais. Após o reconhecimento, a Associação Nacional de Caprinicultores de Raça Serrana (ANCRAS) passou a ser a gestora do registo zootécnico da raça, com os técnicos a procederem ao registo dos animais com vista à sua inscrição no livro genealógico e dessa forma permitir um melhor acompanhamento destes animais, de forma a tentar preservar a raça e até aumentar o seu efectivo para potenciar todo o valor de produtos, como o leite utilizado na confecção de queijo ou a carne de cabrito. Para tal, os 15 produtores foram incentivados a apresentarem candidaturas às medidas agro-ambientais no âmbito do PRODER, só que recentemente, o Governo decidiu suspender os apoios às raças autóctones, deixando desiludidos os produtores e a ANCRAS, como entidade gestora.“Quando nos foi dado o livro genealógico desta raça os nossos funcionários começaram a abordar os criadores desta raça para tentar aumentar o efectivo dizendo-lhes que poderiam candidatar a estas ajudas, mas depois quando fomos fazer a inscrição, estavam canceladas e os criadores não ficaram muito satisfeitos” refere o presidente, Arménio Vaz. Caso fossem aprovadas as candidaturas, os produtores poderiam vir a receber cerca de 30 euros por cabeça por se tratar de uma raça ameaçada de extinção. Com esta suspensão dos apoios, o secretário técnico da raça, Manuel Amândio, teme que os produtores venham a desistir e dessa forma a raça da cabra preta de Montesinho corre sérios riscos de extinção.“Estávamos à espera do reconhecimento da raça há dez anos. No ano passado ainda houve a indicação por parte da Direcção-Geral de Veterinária de que os criadores poderiam vir a candidatar-se às medidas agro-ambientais. O processo acabou por não decorrer a tempo” recorda o responsável. “Este ano, as pessoas iam poder candidatar-se pela primeira vez” salienta, mas “não há novas candidaturas às medidas agro-ambientais e põe tudo completamente em causa, podendo vir a receber 30 euros por cabeça”. “O seu interesse vai esmorecer e parte das pessoas vão desistir” lamenta. A cabra preta de Montesinho corre o risco de extinção, depois de terem sido cancelados os apoios às raças autóctones.Entretanto, a ANCRAS já apresentou um protesto por esta situação à comissão parlamentar de agricultura, esperando que o novo Governo possa voltar atrás nesta decisão de suspender os apoios.

Também Agostinho Lopes, deputado do PCP na Assembleia da República, já fez chegar ao Ministro da Agricultura o seu descontentamento sobre esta questão e pergunta ao titular da pasta da Agricultura porque não foram consideradas soluções de reprogramação do PRODER permitindo a continuação das candidaturas às medidas agro-ambientais.

Escrito por CIR