Brigantinos descontentes com medidas do Governo para ajudar a ultrapassar inflação

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Qua, 14/09/2022 - 09:48


Os brigantinos não estão satisfeitos com as medidas que o Governo anunciou para ajudar a ultrapassar a inflação. Contentes também não estão os comerciantes, que se queixam de o negócio não estar a correr bem porque se compra muito menos

O Governo anunciou medidas de combate à inflação, na semana passada. Foi aprovado um programa de 2,4 milhões de euros para apoiar as famílias, tendo em conta o aumento do custo vida. Uma das medidas mais comentadas é a decisão de atribuição de 125 euros a cada cidadão que tenha rendimento mensal até 2700 euros, já em Outubro.

Ainda assim, por Bragança, as pessoas não estão convencidas as medidas apresentadas pelo Governo para diminuir o impacto da inflação na carteira dos portugueses. Queixam-se de que os apoios não são suficientes.

“Estas medidas não são suficientes. Não é num mês que vai resolver a nossa situação financeira do resto do ano que vem a seguir. A descida do IVA da electricidade pouco ou nada vai mudar. Vamos poupar um euro por mês”, disse Mena Afonso.

“Os 125 euros é uma coisa momentânea, vai acabar por não resolver nada. Os preços estão bastante altos e os ordenados são iguais, acho que isso é o grande problema. Eu sou da área do fitness e há um ano comprava o frango a 3,99 euros, agora já custa 6,99 euros. Já não dá para continuar a comprar como antes”, referiu Tamires Oliveira.

Muitos brigantinos não se lembram de aumentos como estes e, por isso, consideram que são precisos mais apoios.

Quem também tem queixas são os comerciantes. Nair Pinto, proprietária de um mini-mercado na Praça Camões, em Bragança, admite que o negócio já teve melhores dias porque as pessoas estão a cortar à quantidade do que compram, até mesmo dos bens essenciais.

“Não compram como compravam. Compram aquilo que lhes faz falta para comer. As pessoas só vêm quando são obrigadas e compram o mínimo”, disse.

Luísa Rodrigues, proprietária de quatro mini-mercados, também em Bragança, queixa-se precisamente do mesmo: as pessoas compram muito menos. Vão reduzindo à quantidade para se conseguirem sustentar.

“Nota-se muito as pessoas reduzirem na quantidade e irem para os produtos mais baratos. Têm noção que os produtos estão a aumentar, umas dizem mal, mas entendem a nossa parte, outras pessoas pensam que somos nós que aumentamos os preços porque nos apetece”, contou.

Vitalino Miranda, proprietário de um mini-mercado há 54 anos, também não relata melhor cenário. Tem mais de 80 anos e diz que não se lembra sequer de uma subida de preços tão abrupta. Por causa disso mesmo, diz que há pessoas que não entendem a situação.

“Julgam que somos nós que temos a culpa, algumas até nos tratam mal. Até vendemos algumas coisas com menos margem, mas nem assim vai. Está a sair muito mal a mercadoria, compram menos, porque dizem que está tudo muito caro e deixaram de comprar inclusive pão”, apontou.

Os comerciantes de Bragança dizem que o Verão ajudou o negócio mas, mesmo assim, os emigrantes também já não compram tanto como compravam para levar para os países onde fazem vida.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves/Ângela Pais