Ter, 18/08/2009 - 10:27
Numa região em que os trabalhos do campo obrigam a uma exposição ao sol, os agricultores já têm há muito formas de se protegerem do calor.
“Pelo calor não se pode ir para a horta, que aquece muito, temos de ir pela fresca. Por enquanto ainda nunca tive problemas mas quando faz muito calor pomo-nos à sombra”, diz Carlos Afonso, entre duas gargalhadas.
Já Manuel Matias concorda que a melhor forma de evitar o calor é “fugir”. “Levantamo-nos cedo, aí pelas seis da manhã, e só regressamos à horta ao final da tarde, e assim defendemo-nos.” Por outro lado, diz que ninguém usa protector. “Já estamos calejados. Não precisamos de ir à praia para ficarmos morenos.”
De acordo com Sampaio da Veiga, o director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste, as pessoas que mais sofrem com as ondas de calor são crianças e idosos, para além de portadores de doenças crónicas, as pessoas obesas, acamadas ou com problemas de saúde mental. Para além disso, também os doentes medicados com anti-depressivos ou medicamentos para controlar a tensão arterial.
Sampaio da Veiga deixa, por isso, alguns conselhos.
“Devem beber bastante água, para além do que era normal, ou sumos de fruta sem açúcar, mesmo sem ter sede. As pessoas que sofrem de doença crónica e que às vezes estão com uma dieta com pouco sal muitas vezes não ingerem água suficiente. Os recém-nascidos, pessoas idosas e doentes por vezes não sentem vontade de beber água. Devemos Ser nós a oferecer-lhes e estar atentos à sua situação clínica.”
Por outro lado, “no período em que estiver mais calor” é possível tomar um duche para arrefecer “com água tépida, nunca com água gelada”. “Sempre que estiver ao sol e andar deve usar protector solar e nunca estar mais de duas horas exposto.”
Para além disso, aconselha-se o uso de roupa larga, leve e fresca, preferencialmente de algodão. E evitar andar sem roupa, porque a exposição directa ao sol é pior.
Para além disso, numa região envelhecida, há pequenos gestos que podem salvar vidas.
“Devemos visitar e informarmo-nos do estado de saúde de pessoas que vivem isoladas, muitas vezes idosos que vivem sozinhos e estão dependentes. Essas pessoas precisam de ajuda porque a sua sensibilidade para sentir os efeitos do calor está diminuída. Não se aconselha as pessoas idosas a frequentarem a praia nos dias de grande calor e as crianças com menos de seis meses não devem ser expostos ao sol, quer directamente quer debaixo de um guarda-sol, porque os raios atravessam e podem provocar problemas.”
Mas, caso não seja possível evitar a exposição ao sol e ao calor, o director clínico do CHNE aconselha a estar atento a alguns sintomas que podem requerer tratamento hospitalar.
“Por vezes, as pessoas sentem cãibras, dores musculares, de repente começam a ter dificuldade de andar… isso é um sinal importante. Febre alta e pele vermelha, quente e seca, em que não há suor, são sinais de que o órgão da sudação está perturbado. Habitualmente ser acompanhado de dores de cabeça, náuseas, tonturas e a pessoa pode até ficar confusa e perder a consciência. Estes são os sinais mais comuns, mas não contamos que as pessoas cheguem a uma situação destas para vir às urgências.”
Para já, não há registo de casos graves nas urgências de Bragança devido à exposição solar. No entanto, em caso de dúvidas, as autoridades de saúde recomendam o contacto da linha 808 24 24 24 ou do site www.dgs.pt, onde estão explicados vários conselhos para lidar com as ondas de calor.
Escrito por Brigantia