Bombeiros de Bragança preparados para os incêndios mas já são poucos os voluntários para fazer equipas de combate

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Qua, 17/07/2024 - 08:23


Os bombeiros de Bragança têm cerca de 120 elementos, dos quais 62 profissionais. Em plena época de incêndios, em Bragança é complicado, hoje em dia, compor equipas de combate. O abandono, por parte dos voluntários, tem atrapalhado os planos da corporação

Há alguns anos, nos Bombeiros Voluntários de Bragança havia turmas de formação de voluntários que começavam com 20 elementos e, normalmente, quase todos chegavam ao fim do estágio. Hoje em dia, as turmas são bem mais pequenas e mais de metade dos que se estão a formar acabam por desistir. Em plena época de incêndios, o comandante, Carlos Martins, lamenta que, agora, seja complicado compor equipas de combate e a falta de gente é dos maiores problemas das corporações do Interior. “Quando comecei aprendíamos com os mais velhos e com a prática. Hoje um estagiário tem uma formação de nove meses e durante esse tempo não pode ir para a rua, fazer serviço operacional. Se me pergunta se é melhor ou pior… acho que quando vão para a rua estão mais preparados que nós, naquela altura, mas o ponto negativo é que as pessoas quando vêm para aqui vêm como voluntárias e tê-las nove meses em formação, não as deixando ir para a rua, acaba por as desmotivar. Nós, há 10 anos, conseguimos fazer sete equipas de combate a incêndios, essencialmente de voluntários. Hoje em dia quase temos que pedir às pessoas para vir”.

Ainda assim, Carlos Martins garante que os bombeiros estão bem preparados para este Verão. Diz que o dispositivo está sempre montado a pensar no pior e cada vez mais é assim, já que as alterações climáticas trouxeram novos desafios, como os incêndios de sexta geração. E este Verão inspira cuidados por causa do Inverno chuvoso. “Há muita erva, que agora está seca e completamente disponível para arder, caso haja ignição. Esse combustível fino causa-nos incêndios com uma velocidade e propagação muito rápida. Para além de os incêndios serem mais rápidos desenvolvem mais energia. Desde 2017 que se fala nos incêndios de sexta geração. Temos que assumir uma estratégia defensiva e prever qual a direcção que o incêndio toma e defender tudo o que está no caminho. Por norma, em vez de actuar em cima do incêndio vamos tentar criar tentar barreiras físicas à sua frente, é aqui que entram as máquinas de rasto e acções de fogo controlado, contrafogo e fogo de supressão. São barreiras para que o incêndio ao chegar a um determinado local não tenha mais combustível e se extinga”.

As queimas e queimadas continuam a ser as principais causas dos incêndios em Portugal. Na região o problema é exactamente o mesmo. Assim, Carlos Martins aconselha as pessoas a pedir ajuda quando querem realizar estas acções. “O que aconselhemos é que, quando não há confiança, as pessoas vão junto dos presidentes de junta ou câmara municipal e peçam ajuda. Depois, através do ICNF e de técnicos de fogo controlado podem queimar aquilo que for possível”.

Nos últimos tempos, têm sido poucos os incêndios de grandes dimensões no concelho de Bragança. Ainda assim, as alterações climáticas têm trazido grandes desafios aos bombeiros, que enfrentam, desde 2017, os incêndios de sexta geração, mais explosivos e catastróficos.

Os desafios são hoje em dia maiores para os bombeiros. Para combater estes incêndios mais agressivos a estratégia passa por enviar, desde logo, o máximo número possível de meios humanos.

A entrevista ao comandante dos bombeiros de Bragança, Carlos Martins, para ouvir hoje, depois das notícias das 17h.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves