Qui, 23/04/2009 - 10:19
A decisão do Governo deve ser anunciada no próximo mês, depois da consulta pública do estudo de impacto ambiental.
Para Manuela Cunha, dirigente nacional do partido, mais do que o ambiente, são as pessoas a sofrer com a construção desta barragem, até porque a área submersa afecta sobretudo “os jovens agricultores”, até porque “as alterações previstas são muitas”. “E vão afectar a agricultura, a vitivinicultura. E o olival que não ficar submerso vai ser muito afectado pelos níveis de humidade que vão aumentar. As pragas e doenças também vão aumentar imenso. A barragem vai aumentar a retenção de inertes, que é uma preocupação enorme, para além de acentuar os riscos de sismos. A aldeia do Amieiro vai ficar em risco depois da construção da barragem”, avisa Manuela Cunha.
Após lerem o estudo de impacto ambiental, Os Verdes sustentam que todos os itens da análise foram negativos, à excepção da produção eléctrica.
Mas mesmo esse factor positivo tende a diminuir devido às medidas para reduzir o impacto negativo da barragem na região.
Por outro lado, o partido ecológico destaca o desemprego que vai afectar sobretudo agricultores.
Só em Murça, podem ser 800 pessoas a ficar sem emprego, entre produtores e pessoas que trabalham à jeira.
É a pensar nisso que Manuela Cunha lança um apelo: “Se o ministro for de facto um ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e for uma pessoa de bem, que faz respeitar ao estado os seus compromissos, só pode dar um aval negativo à construção da barragem do Tua.”
Sobre os alegados benefícios, Manuela Cunha diz que “são vagos” e não compensam a perda do potencial turístico da actual linha, sobretudo para o concelho de Mirandela que, segundo diz, “será o mais afectado”.
Por isso, deixa um alerta: “Os impactos negativos são imensos e são quase todos relevantes e irreversíveis, tanto do ponto de vista ambiental como sócio-económico. E é o próprio estudo quem o diz. O próprio Ser Humano em Trás-os-Montes pode ficar em vias de extinção. O despovoamento e envelhecimento de Trás-os-Montes e do Tua é, por si só, preocupante. Com a barragem, tudo isto pode vir a acentuar-se”, alega. Por isso, conclui, “a opção é sem barragem e mantendo tudo como está. Mas se a autorização for dada tem de ser com linha ferroviária”.
Esta conferência de imprensa do partido Os Verdes, realizada na antiga estação de caminhos-de-ferro de Bragança, pretendeu alertar os autarcas da região e os responsáveis do Governo, para os riscos da construção da barragem de Foz Tua.
Escrito por Brigantia