Amnistia Internacional contra expulsão de jogador das camadas jovens do Mirandela

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Qui, 01/04/2010 - 11:02


A expulsão de um atleta do Sport Clube Mirandela pode ser ilegal. Quem o diz é a Amnistia Internacional.

A delegação portuguesa desta organização considera que a decisão da do clube de expulsar uma criança de 11 anos das camadas jovens, com o argumento que o pai tinha falado de assuntos que só dizem respeito ao clube, pode estar ferida de ilegalidade.

Depois dos pais do atleta terem dado a conhecer o caso à Amnistia Internacional, a delegação portuguesa diz ter enviado uma carta ao presidente da direcção do SC Mirandela, a solicitar esclarecimentos sobre o fundamento da decisão de expulsar a criança que jogava nos infantis do clube, devido à alegada intromissão do pai na vida interna do clube.

A Amnistia Internacional considera que o facto das consequências recaírem sobre a participação de uma criança nas actividades desportivas do clube, indica que “tanto os fundamentos utilizados em relação ao castigo, como a desproporção da decisão podem encontrar-se feridas de ilegalidade perante a lei vigente e os estatutos do clube” pode ler-se na informação escrita enviada aos pais da criança.

Por outro lado, em informações recolhidas no do sitio da Internet da câmara municipal de Mirandela, a Amnistia Internacional encontrou que, os estatutos do clube, este têm por fins “promover a educação física dos seus associados, desenvolver e contribuir para a sua propaganda e desenvolvimento da raça”.

A delegação portuguesa da Amnistia Internacional entende que esta declaração pode incitar à discriminação, ao racismo e à xenofobia, considerando “imperioso que esta frase seja revista e alterada, já que afirmações desta natureza contribuem para grave vulneração dos direitos humanos”.

A organização considera urgente a resolução deste caso, requerendo à direcção do clube os esclarecimentos que se apresentem convenientes.

Recorde-se que o caso remonta a 19 de Fevereiro, quando numa reunião com a presença do presidente do clube, vários directores e alguns pais de atletas das camadas jovens, ficou decidido excluir de toda a actividade uma criança de 11 anos, que já vestia as cores do Mirandela há três anos.

As explicações da expulsão chegaram por escrito, onde é referido que ficou a dever-se ao facto do pai ter falado de assuntos que só dizem respeito ao clube e tentado permanentemente iludir alguns pais de factos relacionados com a formação.

Fátima Ramos, mãe do atleta em causa, resolveu denunciar publicamente o caso, porque ficou perplexa com esta atitude da direcção do clube de penalizar o filho por um suposto erro do pai.

Sobre este caso, a direcção do Sport Clube Mirandela não presta declarações gravadas, mas emitiu um comunicado, alegando que não quer ver a imagem do clube enxovalhada na praça pública, nem contribuir para uma troca de argumentos ou insultos em público que apenas servem interesses individuais pouco claros.

A nota assinada pelo presidente do clube, começa por referir que nada opõe o Mirandela ao jovem em questão, tendo este primado por uma exemplar conduta individual durante o tempo que frequentou as escolas de formação.

Mas a direcção do clube salienta que a formação tem regras que abarcam os jovens e os pais, sendo que o desrespeito por estas regras afecta ambos de igual forma e é motivo justificado para a suspensão ou expulsão do grupo de formação.

A direcção do clube diz ainda estar de consciência tranquila, pois após uma análise ponderada, considerou que a decisão de excluir o jovem do grupo de trabalho seria uma forma de o proteger e de proteger o grupo de atitudes e posturas não recomendáveis de pessoas externas ao grupo.

Para além desta resposta da Amnistia Internacional, os pais da criança ainda aguardam respostas do Provedor de Justiça, do Instituto de Apoio à Criança, da Comissão de Protecção de Menores e da autarquia local, a quem deram a conhecer o assunto.

Escrito por CIR