Sex, 14/03/2008 - 09:24
“Num espaço de poucos quilómetros tem concentrado aquilo que normalmente só se vê em milhares de quilómetros de extensão” explica Eurico Pereira, mentor da carta geológica de Macedo de Cavaleiros, acrescentando que “tem concentrada uma cadeia orogénica com um continente, um oceano de permeio e outro continente” que corresponde “à parte inicial de um ciclo geológico” em que “o oceano fecha dando-se a colisão dos continentes”.
O maciço de Morais é assim uma das coisas mais extraordinárias da geologia global, pois é o testemunho da colisão de dois continentes, que deram depois origem ao “Gonduana”, chamado de super continente, que milhões de anos mais tarde gerou a cartografia do mundo dividido em cinco continentes, tal e qual o conhecemos hoje. Há então em Morais vestígios de um continente que entrou em ruptura e deu lugar a um oceano. Das imensas rochas que comprovam uma crosta oceânica, os diques são como que o “bilhete de identidade”. Ainda assim “encontram-se em poucos sítios” salienta Eurico Pereira, mas é possível encontrá-los no vale do Rio Azibo “na zona subjacente ao Mosteiro de Balsamão” e na chamada ponte das Barcas, em pleno Vale do Sabor, a sul de Talhas, mas que para esteve investigador “é uma zona mais inacessível”.
Morais, Sobreda, Paradinha e Balsamão formam uma crosta oceânica completa, já visitada por escolas de Paris. Aliás no Pontão de Lamas, no IP4, vê-se onde começa o maciço de Morais, com a presença de xistos “borra de vinho” ou por exemplo no campo de futebol de Macedo, onde as rochas verdes, indicativas de basalto, provam a ruptura do continente com o oceano.