Ajuda alimentar encontrada em caixote do lixo de Bragança

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Sex, 24/12/2010 - 11:12


Há pessoas que estão a receber cabazes alimentares mas que depois atiram com os produtos para o lixo. Em Bragança, uma habitante encontrou vários quilos de comida num dos contentores de lixo perto de sua casa.

Ercília Bastos nem queria acreditar no que via. Tinha ido despejar um saco do lixo no contentor, junto ao seminário de Bragança, quando se deparou com vários quilos de alimentos, dentro do prazo de validade.

“Abro o contentor e deparo-me com quatro pacotes de arroz, três deles já sujos por lhes terem deitado lixo em cima. Eram mais três pacotes de esparguete, dois de massa, um de farinha de trigo e outro de massinhas. As autoridades deviam saber porque andam a dar aos pobres e, afinal, andam a deitar ao lixo”, denuncia.

Ercília Bastos conta que se apercebeu imediatamente de que eram bens alimentares provenientes de campanhas de recolha.

“Porque vi tanta coisa lá dentro, com aviso a dizer que não pode ser vendido ao público. E vi que não está fora da validade”, explicou.

Com várias campanhas de recolha de alimentos a decorrer na época natalícia, confessa que ficou chocada por haver pessoas a deitarem ao lixo a ajuda que recebem.

“Dizem que à tanta miséria mas não sei em quê. Quando vou ao hipermercado pedem ajuda, eu dou mas afinal o que acontece é que dão mas vêm deitar ao contentor do lixo”, exclama, indignada com a situação.

Por isso, sugere que haja uma maior fiscalização por parte dos organismos que distribuem os cabazes de ajuda.

“Verem mais a quem dão os produtos, porque por vezes não sabem a quem os dão. A mim doeu-me o coração. Haver tanto pobre a precisar e darem a quem vem deitar ao contentor do lixo”, conclui.

Ao que foi possível apurar, os produtos em causa fazem parte do programa alimentar europeu e são distribuídos pela Segurança Social.

Teresa Barreira, a directora regional de Segurança Social, lamenta que haja situações destas.

“É perturbador, inquietante, até porque a entrega destes alimentos não é aleatória, é sujeita a um conjunto de critérios muito rígidos. Posso garantir que, por parte da Segurança Social e das instituições que connosco colaboram na distribuição do Programa Comunitário Alimentar, há um escrupuloso cumprimento destes critérios. Numa altura em que se fazem campanhas de recolha nos supermercados, não se consegue perceber como é que alguém não é também solidário e não dá aos outros, preferindo colocar no caixote do lixo”.

Teresa Barreira ameaça mesmo com penalizações para quem for apanhado a deitar fora ajuda recebida.

“Ficarão impedidos de voltar a recorrer ao PCA. Quem revela que não necessita, embora os tenha requerido, deve sair. Se alguém viu, agradece-se que diga”, conclui.

Este caso ocorreu no alto do Sapato, em Bragança.

Escrito por Brigantia