Ter, 30/07/2024 - 08:53
A exposição solar e o calor podem provocar escaldão, levando à degradação das folhas da videira e desidratação dos bagos.
Segundo Luís Marcos, director-geral da AVID- Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, já há algumas queixas dos produtores. “Até ao início de Julho as videiras estavam num estado de conforto hídrico, com temperaturas relativamente frescas. Aquilo que verificámos é que as temperaturas da passada terça-feira, assim como algumas temperaturas registadas no início do mês de Julho, embora em sítios pontuais e muito expostos, têm tido algum impacto ao nível do escaldão", disse.
A associação alerta para medidas preventivas para evitar que o escaldão cause prejuízos nesta campanha, nomeadamente o uso de protectores. “Uma boa orientação da parede de vegetação por forma a permitir algum arejamento da copa, mas também sem expor demasiadamente os cachos. Existem alguns produtos, tais como bio estimulantes que ajudam a recuperação ou uma melhor resposta fisiológica da planta a condições de stress e existe um produto que ajuda a diminuir a temperatura das folhas e dos cachos pela radiação solar, que pode também ser aplicado como protector solar para o escaldão”, explicou.
Leandro Garcia é um dos produtores de vinho na região. Tem cerca de 10 hectares no concelho de Mirandela e no concelho de Vila Flor. Por enquanto, ainda não há muito escaldão mas teme que se estas temperaturas continuarem o problema se agrave. “Há alguma coisa, mas muito pouco, para já. Se as temperaturas elevadas pode vir a piorar bastante e a falta de água, para quem não tem regadio, pior será. Leva a perdas de produção, porque a uva que tiver escaldão já não é recuperável. Existem alguns produtos a aplicar, protectores solares, mas só têm efeito até aos 42 graus e nós quando temos escaldão é acima dessas temperaturas”, referiu.
Ainda assim, segundo Francisco Pavão, presidente da APPITAD- Associação dos Produtores de Produção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, espera-se um bom ano de produção. “Uma produção um bocadinho mais temporã do que um ano normal, mas aquilo que nos é dado a ver, das visitas que fazemos às vinhas e daquilo que vamos falando com os produtores, não houve problemas, quer de pragas, quer de doenças, os proditores estiveram bastante atentos nas intervenções fitossanitárias, o que temem muito mais agora é esta questão do escaldão. Nós prevemos que seja um bom ano de produção, sobretudo em termos de qualidade", adiantou.
As associações recomendam os produtores a fazer um seguro de colheita. O escaldão é uma das consequências dos efeitos climatéricos e, por isso, os agricultores ficarão cobertos caso haja prejuízos.
Escrito por Brigantia